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terça-feira, 30 de setembro de 2014

25 de Fevereiro de 2014

25 de Fevereiro de 2014, o fim do sofrimento...

Hoje eu acordei com uma sensação esquisita, na verdade, eu sempre acordo com uma sensação esquisita depois que meu pai foi internado, já se tornou meio que normal, mas tudo bem. Hoje, além de tudo, minha filha Maria Luísa voltaria dos Estados Unidos em uma viagem que ela foi para diversão com a mãe e com o namorado na mãe. Eu estava ansioso pela volta dela, com muitas saudades, pois fazia quase um mês que não à vida, mas estava tão preso ao meu pai, ao ponto de não conseguir na maior parte do dia, desvincular meu pensamento dele.

Minha mãe me ligou perguntando se eu podia ficar com meu pai hoje, ele continuava não respondendo, mas não poderíamos abandoná-lo sozinho no hospital, então nos revezávamos como acompanhantes dele, cada um ficava um pouquinho e tudo bem. Eu trabalharia no dia 26 (amanhã), estava querendo ficar com meu pai, mas com medo, medo este de acontecer alguma coisa com ele enquanto eu estivesse lá.

O dia passou, como os outros e, quando foi mais ou menos umas 18 horas, minha mãe me ligou dizendo que era para eu não ir, pois ele estava muito mal, se contorcendo e que a imagem que eu veria seria muito dolorosa, para eu ficar em casa, entretanto, o que eu não sabia é que ela estava me escondendo uma informação que mudaria minha vida...

Me senti mal e fui dormir um pouco, estava com sentimento de febre e dor de cabeça, mas em torno de 20 horas eu escuto a seguinte frase ainda dormindo: “Vida! (nome que minha esposa me chama normalmente) Vida... acorda... seu pai foi encontrar com papai do céu...”. Eu não tive outra alternativa, senão me entregar à tristeza que, naquele momento, tomava conta do meu corpo e mente, então eu chorei, chorei, chorei... por horas, que na verdade eram minutos e que parecia, de fato, anos. Eu nem preciso dizer que a dor é insuportável, que parece que a vida não interessa mais e que TUDO a partir daquele momento havia morrido junto com ele, inclusive eu!

Também não preciso dizer que eu fiquei em choque, que eu esqueci de tudo e de todos, que eu me senti uma merda por não ter feito mais, por não ter podido ajudar minha mãe e meu pai naquele momento, me senti inútil, me senti infeliz, me senti morto.

Meu pai faleceu às 17:18 do dia 25 de fevereiro de 2014, refém de um adenocarcinoma do pâncreas com metástase que evolui para o fígado e para outros órgãos. Sr. Eduardo César Gambini viveu 36 dias desde a descoberta do câncer e não desistiu... em dado momento ele aceitou a doença, pois sabia que nada poderíamos fazer contra ela. Meu pai tinha muitos defeitos, mas era o melhor pai do mundo e agora que ele se foi, fica seu ensinamento de que devemos viver felizes e que nem tudo está perdido, pois uma vida se vai, outra se inicia e precisamos nos focar nos próximos eventos. Ele nunca reclamou um dia sequer da doença e dos males que ela trouxe, nunca tratou uma pessoa mal, como pode acontecer com o desenvolvimento da doença e tentou até o último segundo. Acredito, inclusive, que ele se forçou a não falecer no meu aniversário, mesmo sem resposta nenhuma, acho que ele não quer me dar esse “presente”... meu pai morreu em silêncio, não sei se satisfeito, mas calmo e tranquilo, ele morreu dormindo e mesmo que não tenha sido assim, infelizmente preciso pensar assim, para que meu coração possa suportar essa dor infernal e desgraçada que estou sentindo nesse momento.

Eu queria, por um momento, um momento apenas, ter ele aqui e poder dizer pra ele que nada do que ele me ensinou eu esqueci e se hoje eu sou um HOMEM respeitador, um homem educado e que sabe cuidar de sua família, isso se deve à educação que ele, juntamente à minha mãe, me deu. Pai, onde quer que esteja, esteja com Deus e na companhia dele, espero de verdade que tenha muita luz no lugar onde você vai, pois uma pessoa com o coração bom igual ao seu, merece o melhor. Eu te amo tanto, mas tanto, tanto, tanto que chega a doer o amor, como uma ferida que foi aberta...

Hoje eu estou de luto... por você, pra você, pai! Hoje se foi o homem da minha vida, meu pai, meu amigo... me desculpem... que dor... nossa!!!! Que dor!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

24 de Fevereiro de 2014

24 de Fevereiro de 2014, última brincadeira...

Cada dia tem sido muito melancólico pra mim, um tanto quanto dramático, mas um dramático com motivo, eu queria carinho, queria atenção, pois meu pai estava morrendo numa cama de hospital com câncer terminal e já não respondia a nada do que falávamos ou fazíamos... eu tinha a certeza que não conseguiria mais me despedir dele ou dar-lhe um último abraço com resposta, com a consciência dele ainda viva e respondendo, então tudo pra mim era motivo de choro.

Neste mesmo dia a Maysa, minha sobrinha, postou uma foto que já postei aqui no blog do meu pai deitado numa cama, irreconhecível, com oxigênio e sem respostas corporais no Facebook e eu não gostei muito pois tudo estava muito novo e aquela imagem acabava comigo. Eu tinha aquela foto, mas guardada em um lugar que eu não conseguia ter acesso rápido e não era em qualquer momento que eu a veria. Conversei com ela e pedi que ela tirasse a foto de lá e ela o fez, para a minha satisfação, afinal, aquilo estava terminando de acabar com o meu dia.

Mais à noite eu estava muito apreensivo, então aproveitei uma deixa da minha esposa, abracei-a e chorei, chorei, chorei... chorei até que eu não aguentasse mais, lamentando pela vida do meu pai que se extinguia de uma forma tão bruta e cruel tal qual oferece uma doença avassaladora e desgraçada como esta que pega uma pessoa de bem e extermina ela em semanas... e era o que estava acontecendo com meu pai!

Hoje não estou muito bem pra escrever, mas vou dividir com vocês um pequeno vídeo que fizemos do meu pai um pouco antes dele ir para o hospital e as coisas piorarem de vez... neste vídeo, ele já sem muitas forças, se anima com uma gravação e com um efeito de vídeo que eu tinha em um celular meu... nos alegramos neste dia, foi mágico, mas infelizmente, foi o último dia que vi meu pai brincar...



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

23 de Fevereiro de 2014

23 de Fevereiro de 2014, um domingo quase nulo...

Mais um dia de espera, infelizmente eu não tenho novidades para contar neste dia. Meu pai continua nas mesmas condições, sem movimentos, sem abrir os olhos, deitado numa cama com respiradores e morfina na veia. Sua urina era preta como coca-cola e suas fezes, nas últimas vezes que vi, eram brancas, brancas mesmo. Sua coloração de pele ainda era meio amarelada, mas não estava tão “verde” quanto há uma semana.

A única diferença era que ele se movia de uma forma agoniante para quem o via ali, naquela situação, como se algo o estivesse incomodando. Ele tossia, fazia vômito, mas como falei não estava entubado. A sensação que eu tinha era que ele queria dizer algo, já que o médico disse que ele estava consciente e na verdade estava apenas num estágio de repouso muito intenso, por conta da quantidade de morfina que estava penetrando seu corpo.

Fiquei com ele até onde meus olhos aguentaram... eu tinha “medo” de tocá-lo e que isso pudesse atrapalhar ou estressá-lo, pois da última vez que o toquei, seus batimentos cardíacos aceleraram, não sei se foi por coincidência ou se ele me sentiu e em meio aquela prisão física dentro do próprio corpo, ele quisesse me dizer algo e não conseguia. Me aproximei dele e disse sussurrando ao seu ouvido uma frase que eu sempre dizia: “Pai, eu te amo tanto, mas tanto! Se você quiser ir embora, pode ir, vá em paz que eu vou cuidar da minha mãe e da Maysa...”. Naquele momento eu falei dois nomes pelo qual meu pai sempre se preocupava um pouco mais, para ver se ele estava “se prendendo e lutando pela vida” ou se infelizmente suas forças estavam somente se acabando lentamente, fica uma dúvida, que só quem fez a passagem vai poder responder.

Encontrei com o médico do lado de fora e o médico me parou, perguntando o que eu era daquele homem que ali estava e eu respondi com orgulho: “Filho!”. Ele perguntou se eu sabia da situação e me disse palavras de conforto, mas em meio essas palavras, me disse palavras fortes que, mesmo que ditas de forma branda, rasgaram meus tímpanos e me enviaram diretamente para um lugar obscuro, onde eu não enxergava nada e não conseguia conter minhas pernas: “Eu peço desculpas por ter que falar isso, mas pelo quadro, seu pai não sai mais dessa situação. Vocês precisam ser fortes, muito fortes e reunir a família!”, então eu muito (muito mesmo) triste, perguntei a ele: “Quanto tempo você acha que ele tem?”, ele me disse com os olhos marejados: “Acho que ele não passa de hoje!”... não preciso dizer o que aconteceu comigo e com o meu corpo neste momento, se fecharem os olhos entenderão o que eu senti, não na certeza da situação, mas ter uma leve ideia do que eu estava sentindo. Então eu voltei à CTI onde meu pai estava e o abracei, da forma que eu podia, meio torto, mas cheio de boas intenções e energias positivas para ele... chorei... chorei muito!!

Eu sempre tentei ser um filho bom, prestativo e amigo dos meus pais, sempre, mas nos últimos momento, as únicas coisas que eu conseguia lembrar eram as vezes que eu disse não para ele quando ele me pedia pra ir na rua, as vezes que brigamos e que eu fui injusto com ele, as vezes em que eu ligava pra minha mãe e acabava não falando com ele e em como eu queria MUITO que o tempo pudesse voltar para eu fazer tudo aquilo muito diferente e poder me doar mais ao meu pai que sempre foi tão meu amigo... hoje ele está aqui e eu nem posso me despedir, só posso esperar, pois a qualquer momento ele vai se encontrar com Deus e fazer a alegria do céu para todos os anjos...

Eu volto a repetir: nós somos seres humanos e vamos errar sim, mas se hoje você tem uma oportunidade de fazer diferente, faça! Não espere que isso aconteça com você, na sua família, para que você comece a se importar com o quanto de carinho você deu ou deixou de dar para os seus pais, para a sua família... corra! Ainda dá tempo!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

22 de Fevereiro de 2014

22 de Fevereiro de 2014, o primeiro de muitos sábados...

Acordamos e o sábado não era mais o mesmo que seria há algum tempo... não tínhamos o meu pai ali, presente, nem acordado no hospital e o pior é que nem podíamos ficar com ele direto, pois não permitido até por que ele estava no CTI e sabem como é, né?

Então nós respiramos fundo e fomos para a casa da minha irmã e, chegando lá, conversamos com minha mãe sobre o meu pai que estava nas mesmas condições e que, segundo os médicos não voltaria mais. Na verdade, como eu havia dito antes, ele estava completamente consciente, mas “dormindo”, não era exatamente um coma, mas parecia muito ser um, até mesmo para quem não tinha visto ninguém em coma em toda sua vida. Minha mãe nos disse que ele estava com os olhos abertos e “respondia” (ou parecia responder) a alguns espasmos, como mexer um pouco os braços (levemente), a cabeça ou respirar ofegante como se quisesse falar alguma coisa. Segundo o médico de plantão ele estava consciente completamente, mas sua força já não era suficiente para que ele pudesse responder normalmente ou mesmo com um pouco de dificuldade. Nestes casos, o paciente é colocado em uma posição mais confortável, com respirador (não é entubado, apenas uma máscara de oxigênio), e sob o efeito de alguns “ml” de morfina na veia. Este na verdade é o conforto proporcionado por ‘qualquer’ hospital num caso destes a um paciente nestas condições para amenizar qualquer dor ou sofrimento e para aguardar que o momento fatídico ocorra...

Minha mãe disse também que mudaram o medidor de pressão de braço, pois o braço que estava, já estava muito inchado e castigado pela doença. Notou também que enfaixaram um de seus pés, pois estava muito inchado também, segundo eles, por conta do entupimento que ele tinha nos vasos da perna, inclusive, todas as operações que ele tinha feito de desentupimento de vasos foram neste mesmo hospital (Servidores do Estado).

Nós só tínhamos uma opção neste momento: aguardar. Então fazíamos de tudo para que nossos dias fossem um pouco menos tensos e íamos nos acostumando que a qualquer momento poderíamos receber a notícia que, enfim, estávamos aguardando, já que nada mais era possível naquela situação. Ainda assim conseguíamos nos divertir e trazer pra nossa família o que meu pai sempre prezou que foi a felicidade independente do motivo, afinal, somos ferramenta crucial para nossa própria motivação e isso ele sempre nos ensinou com muita sabedoria.

A foto apresenta a faixada do Hospital dos servidores, entrada esta que eu jamais vou esquecer em toda a minha vida...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

21 de Fevereiro de 2014

21 de Fevereiro de 2014, meu aniversário...

Não sei por que, mas eu achei – e tinha quase certeza disso – que meu pai viria a falecer neste dia e que esta data, mais do que nunca, ficaria guardada de forma um tanto quanto negativa na minha cabeça pelo resto da minha vida. Claro que eu venceria isso um dia e aprenderia a viver com a ideia de que meu pai tenha falecido no dia do meu aniversário, por este motivo, escrevi um texto de minha criação que segue abaixo, a fim de amenizar um pouco aquele sentimento de perda, reunindo todo (ou uma parte dele) o aprendizado, graças a ele e aos seus ensinamentos hoje eu dou valor a certas coisas que não dava quando era mais novo. Espero que gostem: 

O que eu aprendi em 30 anos? Nossa...
Aprendi que devemos amar muito, mais do que o normal, amar até cansar, se é que cansa.
Aprendi a perdoar sim, sempre.
Aprendi que devo ir na rua sempre que meus pais me pedirem, sem reclamar.
Aprendi a respeitar mais.
Aprendi que o sorriso deve ser integral e de graça.
Aprendi a abraçar muito, sem limites, toda hora a todo o tempo.
Aprendi que nossa família é a coisa mais importante do mundo
e que devemos nos apegar à ela hoje, nunca ontem ou amanhã, mas HOJE.
Aprendi que a vida é boa, a gente é quem decide se vai estragá-la ou não.
Aprendi que sonhos não servem mesas fartas com aventais coloridos,
Que papai noel existe e coelhinho da pascoa também, depende apenas da gente acreditar neles ou não...
Aprendi que precisamos dar amor, dar carinho e respeitar cada dia como se fosse o último às pessoas que amamos.
Aprendi a perder... a ganhar e que nem sempre quando perdemos, perdemos mesmo e que sempre quando ganhamos, podemos perder algo.
Aprendi a dizer não algumas vezes,
Aprendi a cortar meu próprio cabelo e que se eu escovar os dentes com muita força pode machucar minha gengiva.
Aprendi que cortar o dedo dói, cair machuca e o choque é a dor mais estranha que o corpo pode sentir.
Aprendi que sexo é bom, mas amor é muito mais!
Aprendi sobre o corpo... que ele é uma caixinha de surpresas, é frágil e que não somos nada, além de vulneráveis criaturas...
Aprendi que chorar faz bem e emagrece, mas nos leva a lugares muito perigosos se acessados por muito tempo.
Aprendi que se eu comer e guardar, eu como duas vezes.
Aprendi que devo sempre desejar uma "boa noite, dorme com Deus e que Deus te proteja muito" para os meus pais e para meus amores, 
aprendi que eles fazem falta, muita falta mesmo...

Se eu tenho uma dica pra deixar aqui, hoje, essa dica é: seja amoroso... e não espere o mesmo amor em troca. Abrace, mas não espere ser abraçado, beije, mas beije muito e aperte as bochechas de quem você ama, aperte-a. Sinta... feche os olhos, toque o rosto, chore... sorria, festeje, acampe uma vez por ano e viaje, mas leve quem você ama com você. Seja lindo para os outros e muito mais lindo para si mesmo.

Agradeço a Deus por ter me dado os pais que tenho... por ter me escolhido a dedo para ser filho deles. Agradeço aos meus pais por terem me ensinado o que eu sei e por me fazer entender o quanto é importante pra mim a figura deles e o que representa o amor...

Neste aniversário, eu homenageio o meu pai, Eduardo Cesar Gambini, que está me fazendo muita falta neste dia tão especial. Fiquei feliz de poder passar o último aniversário na sua companhia, pai e orgulhoso de ser filho de alguém como você. Estar na sua companhia é e sempre foi maravilhoso, uma pena você não estar acordado para ver o quanto eu te amo e o quanto eu gosto de estar perto de você.
Te amo, pai... sei que não vai ler esta mensagem, mas sei também que sentirá daí do hospital toda a energia que este texto carrega consigo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

19 e 20 de Fevereiro de 2014

19 de Fevereiro de 2014, última oportunidade...

Falar sobre muita gente ter falado com meu pai ao telefone à noite e sobre a convulsão, mas citar que eu não sabia e só comentar mesmo no dia 20/02, quando eu soube...

Ontem à noite todos resolveram ligar para o meu pai no hospital, tanto que quando eu liguei, ele já não aguentava mais falar, foi quando minha mãe me disse que várias pessoas tinham ligado pra ele e que ele tinha falado com todo mundo, coitado.
Quando eu liguei pra ele, perguntei as pessoas que ligaram durante o dia e ele não lembrou o nome de todos, infelizmente e aparentava estar um pouco pior do que nas últimas vezes. Seu braço direito e perna direita já não respondiam mais e ele reclamava muito de dor na cabeça, estávamos apreensivos que aquilo na cabeça dele pudesse ser algum outro nódulo relacionado à metástase do câncer de pâncreas que já estava evoluindo há algum tempo, mas segundo os médicos, aqui era nada mais que uma ferida por permanência na mesma posição deitado. Ele já não conseguia levantar sem ajuda de alguém e já estava mais desorientado do que nunca.

Para quem via meu pai em pé no hospital zoando o “plantão”, ver aquela cena era bem triste, em pensar que ele era a pessoa que animava as pessoas naquele hospital, exatamente porque sempre estava lá por conta das consultas e cirurgias que só na perna, foram duas, enfim.
Falar com o meu pai sempre era animador e eu sempre tentava manter um comportamento feliz, mas estava cada vez mais difícil, nossa, que aperto no meu coração...

20 de Fevereiro de 2014, qualquer hora vou ter um infarto...

O celular toca... meu coração gela... minha mãe ao telefone e a notícia não muito boa... “Bom dia, meu filho!” – minha mãe chora – ao fundo um silêncio mortal e, de repente, no ônibus, tudo ficou cinza... “Ontem à noite seu pai passou mal, teve uma convulsão e agora está em coma no CTI!” (na verdade não era coma, ele estava consciente, mas só depois fomos saber que fazia parte da inquietação terminal perder os sentidos, mas ficar ligado ao mundo ainda com consciência, só que sem conseguir responder) – meu mundo caiu completamente... “Mas como assim, mãe? Eu falei com ele ontem e, por mais cansado que ele tivesse e com a voz fraca, me reconheceu, falou comigo e com a Naná, enfim... Meu Deus!! E agora??” – minha mãe respirou fundo – “Agora é aguardar, meu filho!” – suspirei, respirei fundo – “Mãe, fica aí e me aguarda que eu tô indo para aí!”, então neste momento eu fiquei sem chão, completamente atordoado, mas mesmo assim não perdi o foco, continuei dentro do ônibus, desci no meu ponto normalmente, fui em direção ao meu trabalho, subi o prédio e aguardei pacientemente minha chefe chegar, falei com ela e ela na mesma hora me liberou. Neste momento eu disparei e fui ao encontro da minha mãe lá no hospital. Estava tão desnorteado que fui a pé até o hospital. Não demorei mais de 10 minutos para chegar e quando cheguei lá, abracei-a tão forte como nunca tinha abraçado. 

Foi o abraço mais sincero e acolhedor que eu pude oferecer à minha mãe, diante de toda aquela situação, era a que mais estava vivendo tudo aquilo e a que mais estava sofrendo, com certeza. “Mãe, você fez tudo o que pôde, tudo! Quero que você saiba que não está sozinha, pois eu sempre estarei com você em qualquer situação. Precisamos ser fortes, muito fortes. É muito triste nós estamos sofrendo muito, mãe, mas precisamos ser muito, mas muito fortes nessa hora!”. Logo avistei a médica e pedi para conversar com meu pai alguns minutos e, para a minha surpresa, ela deixou. Quando entrei me deparei com a cena mais triste que eu pude ver em 30 anos. A cena mais enfraquecedora, mais avassaladora, mais assustadora que eu pude me deparar em toda a minha vida e que com certeza ficaria marcada para sempre, então, se você tiver estômago fraco, evite olhar para esta foto muito tempo.

Você deve se perguntar agora: “porque ele tirou esta foto?” e eu vou te responder: Não sei! Eu simplesmente tirei a foto, pois achei que um dia pudesse contar a todos sobre este dia e então servir de apoio para alguém e mostrar que o sucesso existe, mas que o fracasso também existe, é possível e real, mas vale lembrar e salientar com toda a certeza que a idade e a vontade de vencer precisam ser mais fortes que a própria realidade e a força familiar precisa estar em dia, mas MUITO em dia, então, se você tem alguém na família nesta situação, LIGUE AGORA PARA ELE(A) E DEMONSTRA SEU AMOR E DIGA QUE ESTÁ COM ELA NESSE MOMENTO... sua voz, sua preocupação, sua ingenuidade, TUDO é muito importante agora, principalmente se você é diretamente ligado, como filho ou marido/esposa.

Peço desculpas aos amigos por postar essa foto, sei que dói, dói muito em mim que sou filho também, mas meu intuito é apenas mostrar a diferença do meu pai em pé, feliz, alegre com ele deitado, sem resposta, sem perspectiva... neste exato momento, uma lágrima desce do meu olho... estou no trabalho e não sei como fingir que está tudo bem. Acho que terei 80 anos e lembrarei desse homem com tanto amor, mas tanto amor e tanta saudade que será impossível conter as lágrimas e a vontade que eu tenho de abraça-lo só mais uma vez... PAI, HOJE EU QUERIA TODOS OS SEUS DEFEITOS DE VOLTA, AQUI COMIGO, AGORA!!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

18 de Fevereiro de 2014

18 de Fevereiro de 2014, mais uma fase da doença...

Não eram nem 07h da manhã e minha mãe já me ligava ao celular, eu estava dentro do ônibus... toda vez que meu celular toca e é a minha mãe, eu acho que o pior (ou o melhor, dependendo do ponto de vista) aconteceu, mas não. Ela queria me dar as novas e péssimas notícias: meu pai não reconheceu quem sou e foi difícil pra ele lembrar o nome da minha mãe, mulher dele há 40 anos. Infelizmente sei que o momento é este e que de agora em diante é orar para que ele possa não sofrer e para que Deus possa enchê-lo de luz e iluminar o caminho dele quando for a hora da passagem. É muito difícil pedir a Deus que leve uma pessoa que amamos, mas não quero que meu pai sofra mais... sei que ele está sem dor, mas também sei que está sofrendo, preso aquele “pedaço de carne” que é seu corpo, apenas por força de alguns sentidos que lhe restam. A grande verdade é que o meu pai já se foi, o que está ali foi o que sobrou dele junto da matéria, do corpo que vai ficar entre nós, mas aquele cara que eu conheci, que me criou e me ensinou as boas maneiras já se foi. Restam apenas amor, carinho, respeito e outros

sentimentos que me acompanharão pelo resto da minha vida, além do aprendizado que tive e que ainda tenho com ele pela minha vida.

O fato é que ela queria me dizer que hoje meu pai não lembrou seu nome e nem lembrou dos seus 2 filhos homens. Minha mãe perguntou a ele: “Quantos filhos você tem?”, então ele respondeu: “5”, ela em meio a brincadeiras para amenizar o clima (que não é sentido mais pelo meu pai, pelo único fato de que ele perdeu completamente a noção de dimensão de lugar, espaço e da situação em si) e que o fez lembrar do número 3. Quando ela perguntou o nome de seus filhos, ele disse: “Célia, Maysa...”, minha mãe o interrompeu (Célia é minha mãe e não a filha dele) e disse que não eram estes, então ele lembrou do nome da filha “Daniele e Maysa”, então minha mãe não forçou muito a barra para não cansá-lo. Grande verdade nisso tudo é que uma hora eu vou acordar e ele não vai reconhecer o meu rosto ou outra coisa mais triste será levantar e não te-lo mais entre nós, mas é o que venho dizendo cada vez com mais coragem: estou ficando mais forte a cada dia... meus pensamentos quando encontram esta situação na minha cabeça, já começam não a se desviar, mas a esbarrar com eles e fazer com que a minha aceitação seja amena, acho que isso é uma ordem natural do meu corpo, da minha cabeça e deveria ser a sua também. Enfrente isso, vá em frente, siga, afinal a nossa vida continua.


Ontem eu estava brindando uma ultrassonografia 3d e como meu filho (que ainda vai nascer) é parecido comigo e hoje eu estou triste, pois acho que meu pai não vai conhece-lo, mas é aquilo: faz parte da vida, infelizmente são dores que teremos de aguentar e sermos fortes para suportar a perda e continuar vivendo... eu não gostaria muito de lembrar da morte do meu pai no dia do meu aniversário, mas eu corro este risco, já que meu aniversário ocorre na próxima sexta-feira, dia 21 de Fevereiro de 2014.

Na parte da tarde consegui falar direto com o meu pai e uma coisa muito legal aconteceu: ele lembrou de mim e me identificou, inclusive, pelo nome. Nem preciso dizer o quanto fiquei feliz, né? Se não fosse a voz dele estar tão mais fraca do que antes. Normalmente quando ele fala, parece que ele não quer falar, mas hoje não, hoje parecia que ele não estava conseguindo falar e que lhe faltava o ar, sei lá, muito estranho. Os movimentos do lado direito dele já estão praticamente todos comprometidos e nós só estamos aguardando alguma coisa acontecer, nos preparando a cada minuto do dia e da noite.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

17 de Fevereiro de 2014

17 de Fevereiro de 2014, reações adversas da morfina...

Enfim segunda-feira... digo isso, porque meu pai está aguardando uma tomografia da cabeça, pois existem (como disse antes) duas pequenas feridas na parte de trás que o incomodam e muito e ainda lhe proporcionam uma dor que falando não é possível detalhar. É nítido o incômodo dele quando se está perto, percebe-se que ele sofre calado a cada vez que modifica sua posição na cama, é sempre muito doloroso não só para ele, mas para qualquer pessoa que está com ele ou apenas sabe disso.
Feita a tomografia, estamos aguardando apenas o resultado que, segundo o médico, sairá ainda hoje, o que me deixa bem ansioso e com refluxo. É, eu não sei se mencionei, mas tenho um tipo de gastrite crônica que é ligada à parte nervosa, então qualquer coisa que acontece e me deixa ansioso de
uma forma superior à que eu normalmente fico, tudo ataca o meu estômago e me deixa com azia e refluxo o dia inteiro, além da hérnia de hiato e esofagite que eu também tenho, enfim, enfermidades estas que eu preciso muito tratar, mas nunca consigo exatamente por conta dessa disponibilidade do serviço público de saúde ser tão precário e não ser possível (a não ser nestes casos onde você está perante a morte) se tratar de doenças fracas aos olhos dos médicos. Mas pretendo, em breve, tratar, para que eu possa evitar num futuro esse tipo de doença que entristece a todos e nos deixa completamente dependentes, enfim...

Outra coisa triste que descobrimos é que a morfina (remédio que meu pai toma para a dor dos tumores no fígado e pâncreas) causa um tipo de AVC e vai afetando o lado direito do corpo gradativamente... motivo este que nos faz ver a cada dia os movimentos do braço direito do meu pai se findando. O pior disso tudo é que é uma via de mão única, pois se ele ficar sem tomar a morfina, ele sente muita dor, então tem que se escolher entre ele sentir dor ou ter metade do corpo afetado por outra enfermidade tão devastadora, enfermidade esta que o fará lentamente esquecer os rostos, os nomes, encontrar-se desorientado, exatamente como já está acontecendo. Não sei se você que está lendo este livro, consegue perceber o quanto de informação eu estou recebendo e processando ao mesmo tempo e entender o quanto é difícil... escrever é uma válvula de escape pra mim, para que eu possa expor um pouco do que estou passando por conta desta doença que atingiu meu pai de jeito e o fez mudar em duas semanas de uma forma tão brutal ao ponto de eu não conhece-lo mais e de quase esquecer – não fosse minha memória e amor pelo meu pai - o quão animado e o quão gente boa e pra cima ele era. Ossos do ofício...

Hoje eu fiquei o dia inteiro tentando falar com a minha mãe, até consegui algumas vezes, mas creio que eu a esteja atrapalhando um pouco, pois ela está sozinha lá e hoje é um dia em que o médico está, então ela muito provavelmente, está sugando as informações que o ele passa em todos os momentos. Queria poder falar com meu pai, mas ele disse não querer atender ligações... queria tanto aproveitar o pouco de memória boa que lhe resta, o pouco de lucidez que ainda lhe é presente, mas dependo dele para isso acontecer, então vou mais uma vez deixar nas mãos de Deus e que ele possa deixar eu falar com ele em algum momento...

A tomografia foi feita e o resultado já era esperado: meu pai está com um AVC isquêmico (para quem não sabe o que é, veja este link: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/avc-isquemico), fato este que faz com que ele perca os movimentos do lado direito do corpo e o faz esquecer de rostos, momentos, nomes e pessoas diversas e distintas. Triste, né? Mas é uma fase esperada e causada pela Síndrome Paraneoplásica, que faz com que outras doenças se aflorem a partir do câncer (se você não sabe o que é a Síndrome Paraneoplásica, clique neste link: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_paraneopl%C3%A1sica).

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

16 de Fevereiro de 2014

16 de Fevereiro de 2014, adaptação, uma questão de tempo...

A noite continuou e eu não precisei me levantar mais de duas vezes para ajuda-lo, porque enfim certa hora da madrugada, ele achou uma posição mais confortável depois que a enfermeira (ao meu pedido) retirasse um pouco o acesso do soro, para que pudesse descansar por algum tempinho sem todos aqueles tubos no braço. Já às 05h da manhã os enfermeiros acendem as luzes e já começam a visitar seus pacientes com os medicamentos. Na parte da manhã são 6 comprimidos, medição da glicose, aplicação de insulina, inserção de omeprazol e plazil para o mal estar e vômitos e náuseas. Depois que eu dei os remédios, acredito que pelo efeito do plazil, meu pai ficou mal, muito mal e bem tonto e desorientado. Tentou se levantar sozinho, mas não conseguiu, claro, quando eu levantei para ajuda-lo... ele queria vomitar e eu não sabia o que fazer, então eu só o segurava e chamava as enfermeiras... “Enfermeira, enfermeira!!! Ele quer vomitar, pode me ajudar??” e a enfermeira que me olhava nos olhos ne

m me respondeu, apenas empurrou a lixeira (lixeira comum a todos os pacientes, suja no canto do leito) com o pé e saiu... não é por nada, mas eu acho que ela poderia ter sido um pouco mais humana comigo e com o meu pai e ter um pouco mais de respeito, mas infelizmente a qualificação dos profissionais da saúde no Brasil é precária e eu acho que por este motivo, eles fazem um “trabalho de qualquer jeito”, até por que ninguém ali é da família deles, né? Enfim... eu então puxei a lixeira com a minha mão sem luvas (muito perigoso para a minha saúde, inclusive), segurei-a de forma a encaixar no meio das pernas do meu pai e, enquanto meu pai perdia as forças e ia deitando de forma lenta, eu o segurei com força e fiquei entre a lixeira e ele, fazendo uma força que eu até então desconhecia, para conseguir mantê-lo próximo à lixeira e para que ele vomitasse para se sentir bem... ele fez vômito sim, mas graças a Deus não vomitou. Digo graças a Deus, pois ele tinha tomado todos os remédios e se vomitasse, nada daquilo faria efeito e ele teria que tomar tudo de novo. No fim, correu tudo bem, meu pai é um homem muito forte e determinado, mesmo incapacitado, manteve as forças, se deitou e relaxou, o que me aliviou um pouco. Imediatamente após este acontecido, eu corri para lavar minhas mãos, passei “álcool 70%” e depois fui higienizar as mãos do meu pai, antes que ele as utilizasse para tocar outras partes do corpo ou do rosto, enfim, tudo correu bem.

Dei-lhe o café da manhã e ele comeu tudo, o que é muito bom, pois ele precisa se alimentar para manter as forças e a imunidade um pouco melhores. Não houve mais enjoo e nem mais mal estar, pelo menos enquanto estive ali.

A FOTO ABAIXO FOI TIRADA EXATAMENTE NESTE DIA!


Minha mãe chegou já eram 08h da manhã... atualizei-a com o histórico de tudo que tinha acontecido e me preparei para ir embora, mas antes eu sentei do lado dele (ele estava sentado na cama olhando para a tv em todo o momento enquanto eu falava com ele) e disse: “Pai, eu te amo tanto, sabia? (ele balançou a cabeça positivamente), “foi tão bom passar esse tempo com você... tinha tanto tempo que não ficávamos juntos assim, né?” ele balançava a cabeça positivamente, sem dizer uma palavra sequer, entretanto, eu sentia que ele concordava com o coração e sentia o mesmo que eu ali naquele momento. Arrumei minha mochila e fui embora, pensando e pensando...
Ao chegar em casa, conversei com minha esposa, desabafei o que precisava, abracei-a como nunca tinha abraçado, o que me deu forças para mais um dia em pé, para continuar firme. Tomei banho e logo deitamos juntos e dormimos um sono dos Deuses. Quando acordamos seguimos para a casa dos pais dela, meus sogros, e lá ficamos para descontrair um pouco, afinal, eu precisava disso mais do que nunca e preciso estar perto das pessoas que me fazem bem, que me fazem sorrir para esquecer um pouco a minha tristeza.

Resumo do dia: um dia cheio de aprendizados, tristezas e felicidades, afinal, quando chego em casa, cada dia, percebo que há mais do que uma vida, mas outras vidas que continuarão, uma delas é a vida do meu filho que ainda vai nascer, um neto homem que meu pai sempre quis e a vida da minha filha que está em viagem, mas presente no meu coração em todos os momentos. O importante é continuar e continuar, olhando pra trás de vez em quando, pois é bom para amadurecermos e consertarmos atitudes atuais que ainda podem ser acertadas, mas sempre em frente, sempre em frente...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

15 de Fevereiro de 2014

15 de Fevereiro de 2014, uma noite inesquecível e chocante...

Acordamos e eu estava ansioso... consegui acordar um pouco mais tarde e me preparava para encontrar meu pai e não só isso, ficar com ele uma tarde inteira de visita e mais toda a noite. Um misto de sentimentos tomava conta do meu corpo e meu coração me surpreendia de forma intermitente com taquicardias rápidos e com sensações intermináveis. Eu estava dividido pela alegria de estar próximo ao meu pai e de estar ajudando-o neste momento e pela tristeza de isso tudo estar acontecendo com o meu pai, o meu paizinho, nossa, eu nem sei explicar o quanto triste eu estava e como isso tudo é confuso e complicado pra mim.

Arrumei minha mochila com minha esposa me ajudando, como sempre, tomamos fôlego e fomos ao hospital. Quando chegamos lá fomos a visita do dia, junto do tio Paulinho (um dos irmãos do meu pai). Ao todo éramos 6, eu, Naná, Fátima (minha sogra), Jorge (meu sogro), meu tio Paulinho e minha mãe. Meu pai não dá mais atenção ás visitas e eu sinto que ele fica incomodado quando chegam muitas pessoas lá, mas todos o querem bem e o querem ver, não sei se ele entende isso ainda, é como falei, ele está muito desorientado agora e qualquer lembrança é um trunfo.

Chegou a hora... todos foram embora e eu estou aqui, “sozinho”. Tento de todas as formas puxar assunto com meu pai, mas ele é irredutível no seu quase silêncio, só fala com a minha mãe. Pela terceira vez eu pergunto coisas aleatória a ele e ele finge que não me ouve ou diz que não quer falar. Já tentei conversar sobre o programa de televisão (caldeirão do Huck), já perguntei sobre a família, sobre o que ele acha disso tudo e nada. Acho que vou deixa-lo descansar, afinal, esses questionamentos tendem a tencionar os nervos de qualquer um e ele não pode ter nenhum tipo de estresse agora. Os minutos passam e meu pai alterna entre o sono profundo (chega a roncar) e alerta total, com os olhos arregalados olhando para o teto. Ele sabe que vieram visita-lo, mas não lembra todos os nomes ou até inventa alguns, por exemplo, no lugar do Diego (meu cunhado) ele disse Freixo, um nome que jamais tivemos na família ou conhecemos... seria engraçado se não fosse trágico.

A noite não demorou a chegar e eu sentia que de vez em quando, meu pai “surtava”, pois eu estava em meu primeiro cochilo e, do nada, eu me surpreendi com a seguinte frase: “Ei, psiu!”, então eu olhei pro meu pai firmemente em seus olhos e disse: “Eu tô aqui, pai! Pode falar... tá precisando de alguma coisa?”, aí ele disse: “Peraí... deixa eu recapear... recapitular...”, foi fechando os olhos e dormiu novamente. Pode não parecer, mas esta é uma das cenas mais trágicas e tristes que eu já presenciei na vida do meu pai. Ele parecia estar bêbado, sem beber. 

Era praticamente impossível dormir naquele lugar, pois no leito ao lado uma mulher tossia sem parar a noite inteira, os enfermeiros conversavam em voz alta e outro paciente gritava de dor do outro lado. Ainda assim, percebi que meu pai conseguiu cochilar várias vezes, bem mais do que eu, afinal, o corpo vai acostumando com aquela situação e ele já não estava com o ouvido tão bom assim, então ficava um pouco mais fácil abstrair daqueles barulhos... Eu percebi também que meu pai procurava uma nova posição a cada 10 minutos e que alguma coisa o atrapalhava de tal forma que as vezes eu o pegava de bruços, mas com o pescoço levantado, fica estranho eu detalhar isso aqui, mas era um bruços diferente, sabe? Até por que ele tinha uma pequena ferida na cabeça e essa ferida queria dizer alguma coisa, além de proporcionar desconforto na própria cabeça (parte de trás, próxima ao pescoço) e dor, ela estava ali por algum motivo.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

13 e 14 de Fevereiro de 2014

NA FOTO: A ÚLTIMA VEZ QUE MEU PAI ESCREVEU ALGO E ESTAVA INTEIRAMENTE LUCIDO...

13 de Fevereiro de 2014, susto ingrato...

Estava normalmente no trabalho e decidi ligar para o meu pai para saber como ele estava, mas tive uma surpresa muito desagradável: meu pai passou mal e o Diego (meu cunhado) estava levando ele para o hospital. Mal consegui falar com minha mãe, então o pouco que consegui me deu forças para sair correndo do trabalho e ir ao hospital dos Servidores encontrá-los. Chegando lá tive uma visão que balançou minhas estruturas... meu pai estava irreconhecível! Impressionante como pouco tempo é muito quando o assunto é o câncer. Cheguei ao mesmo tempo em que eles no hospital, saí do trabalho correndo e fui caminhando até lá, cerca de uns 2 quilômetros, enfim, quando me deparei com meu pai sentado no carro (ele parecia sedado), com o olhar perdido, pele bem esverdeada e sem noção do tempo e espaço. Ele me olhava e parecia não me conhecer e eu não me lembro de ter sentido uma sensação tão ruim quanto esta. Para minha sorte ele me reconhece e me conheceu naquele momento quando o abracei antes de entrar na emergência (eu fiquei de fora, minha mãe entrou com ele na maca) e disse que o amava, ele me respondeu o mesmo, terminando a frase com “meu filho!”, ou seja, me conheceu de fato. Fiquei aguardando notícias do lado de fora e logo minha mãe veio informando que ele já estava medicado e no soro e que ficaria na emergência até segunda ordem. A solicitação era de que eu viesse para casa e que qualquer coisa, minha mãe me chamaria, ligaria, entraria em contato, mas que não poderíamos ficar ali esperando. Não teve outro jeito a não ser ir para minha casa e chorar, chorar, chorar, na expectativa de que tudo aquilo se resolvesse da melhor forma. Logo depois disso, recebi uma ligação da minha mãe, dizendo que meu pai seria transferido para o quarto, mas que a princípio ela deveria ir para casa e aguardar até o dia seguinte ás 14h, quando ela poderia entrar para ficar com ele no quarto enfermaria que fica no quarto andar. Ela, então, foi pra casa para aguardar, afinal, não tinha nada que podíamos fazer com relação àquela situação, infelizmente.

14 de Fevereiro de 2014, transferência para enfermaria...

Ainda era de manhã e minha mãe já estava lá no hospital, aguardando a transferência do meu pai. Liguei para ela e ela estava bem, ansiosa, mas bem. Quando falei com ela, ela já estava com ele e me pediu que fosse para lá na próxima noite ficar com ele, para que ela pudesse descansar e é claro que eu aceitei. Imagina poder fazer 1% ou sei lá quanto (mas muito pouco por tudo o que eles – meus pais – fizeram por mim) pelo meu pai. Este era o mínimo que eu poderia fazer, afinal, meu pai precisa de outros cuidados agora, diferentes dos cuidados que ele precisava há dois dias, há uma ou duas semanas.
No decorrer do dia, minha mãe percebeu que o movimento do braço direito do meu pai estava ficando fraco e ela sentiu sua silhueta meio atrofiada... isso me causou tanta dor quanto saber que ele estava doente, nossa!!
Ela me informou que ele já estava de fraldas e isso também foi uma mudança brusca, rápida e muito chocante pra mim... meu pai usando fraldas, completamente dependente... será que ele aguentaria saber disso? Pergunto isso, pois ele, além disso, ainda estava desorientado, mas eu não sabia da gravidade dessa dependência e nem saberia até presenciar segundo a segundo disso, como foi proposto: eu teria de ficar com ele por uma noite inteira, acompanhar passo a passo de uma noite ao lado do melhor homem do mundo que hoje está dependente, precisando que alguém o sente na cama, que alguém dê banho nele, que alguém lhe dê os remédios... então preparei o meu psicológico e coloquei na minha cabeça que este seria o momento de entender e de, certa forma, aceitar a doença do meu pai, além de poder ajudar um pouco com minha presença, meu amor, meu carinho com fé e certo de que eu daria o meu melhor para que ele tivesse uma tarde e uma noite confortáveis e, de certa forma, inesquecível.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

11 e 12 de Fevereiro de 2014

11 de Fevereiro de 2014, terça-feira de muito sol e notícias não muito boas...

Como eu havia imaginado: Falei com minha mãe e ela me disse não trazer boas notícias... o exame de sangue que meu pai se submeteu ontem (10/02/14) era para saber se havia viabilidade de mais uma seção de quimioterapia, uma das taxas calculadas pelo exame teria uma diminuição, para que meu pai pudesse dar continuidade ao tratamento, mas infelizmente, esta taxa deu muito superior à última, neste caso o tratamento deve ser interrompido e o paciente deve aguardar em casa, com sua família. Palavras do médico: Vá para sua casa, descanse, fique com sua família e, se precisar, volte ao hospital apresentando este documento – o médico entregou ao meu pai uma carta que o autoriza a ser atendido por qualquer médico de plantão no dia – e este o atenderá em minha ausência.

Sinceramente eu não chorei, acho que estou ficando mais forte, mas fiquei triste, pois sempre há uma esperança e ninguém gosta de ver suas esperanças sumindo com o vento... diante disso, hoje eu não tenho muito o que falar a não ser dizer o que meu pai me disse quando conversei com ele ao telefone: “Meu filho, eu te amo e não queria que isso estivesse acontecendo comigo e nem com vocês, mas se Deus quis assim é por que ele tem um propósito comigo e eu estou tranquilo, então eu quero que vocês fiquem tranquilos e cuidem da sua mãe, jamais a deixem só!”. Nessa hora meus olhos encheram-se de lágrimas, pois levo em consideração que meu pai não tinha jamais tido apego religioso, entretanto, sempre foi respeitador e temente a Deus e neste momento, ele estava não conformado, mas aceitando que ele partiria a qualquer momento e consciente, lúcido de suas atitudes e palavras. É lindo vê-lo aceitando e fazendo de tudo para que todos aceitem também, já que é inevitável.

12 de Fevereiro de 2014, antes de amanhecer fica sempre mais escuro...

Hoje eu tive uma entrevista de emprego para trabalhar no grupo POSITIVA, um grupo de distribuição, manutenção e venda das impressoras Kyocera no Brasil, muito conhecido entre as empresas do ramo. Infelizmente estou tendo que procurar emprego de novo, pois o trabalho em que estou é apenas temporário e desde o início sei que não existem condições de contratação efetiva, uma pena, pois a empresa é muito promissora, afinal é ligada ao petróleo do nosso país e não têm fins lucrativos, os funcionários são supervalorizados e felizes, ninguém trabalha triste aqui, impressionante. A empresa oferece salários bons e ótimos benefícios, mas é o que sempre digo à minha esposa: DEUS SABE O QUE FAZ e se aqui tiver que ser meu, no final do segundo tempo, ele vai ser e eu não devo me preocupar com isso. Ainda estou me acostumando com o fato de fazer por onde, mas deixar nas mãos de Deus e não me crucificar tanto pelas coisas.

Com relação ao meu pai, infelizmente ele não passou uma noite muito boa por conta do enjoo, acreditamos que ainda seja por conta da única seção de quimioterapia que ele recebeu. Ele até consegue comer, mas vomita tudo na sequencia. Na parte da tarde falei com meu pai ao telefone e ele conseguiu comer sem enjoos, graças a Deus, tudo caminha. Ele ainda está bem fraquinho, mas percebi uma melhora significante na sua voz, que estava quase que sumindo ao telefone.

Com relação aos remédios que ele tinha parado de tomar, após a péssima notícia de ontem, ele voltou a tomar. A glicose dele estava em 534 ontem na parte da noite, mas ele tomou a insulina e deve ter melhorado, não falei mais com ele, mas creio que tenha diminuído o nível de glicose no sangue.

Nunca aprendi tanto a viver um dia após o outro e sempre fui um bom filho, mas hoje sinto que deveria ter ficado um pouco mais perto dele, deveria tê-lo compreendido um pouco mais e respeitado a sua idade quando ela veio se aproximando. Infelizmente ele não a respeitou tanto e, por conta dos excessos, hoje isso está acontecendo... ou não, né? Vá saber. O fato é que eu não tenho muito o que falar hoje, estou bem triste e resolvi respirar ar fresco antes de continuar escrevendo...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

09 e 10 de Fevereiro de 2014

09 de Fevereiro de 2014, um domingo igual aos outros...

Domingo normal, com a diferença de que acordamos às 11h, fora dos planos normais, fomos no meu pai novamente almoçar com ele e o presenteamos com a bandeja, já que recebe muitas refeições na cama pela minha mãe, achei mais prudente ter uma bandeja confortável para ele e esta que demos nós ganhamos de casamento, é aquela específica de servir café da manhã ou qualquer outra refeição na cama, com pezinhos, muito linda, mas estava sem uso na nossa casa. Além disso, conseguimos tirar uma foto dele (estávamos juntos), fazer um vídeo engraçado (ele estava bem animado com a brincadeira) e o mais chato e triste de todos que foi fazer com que ele escrevesse um recado para o neto. Ele mesmo tem consciência de que não está mais assimilando as coisas direito, a escrita (por mais que a vista esteja boa) está conturbada e as palavras já não se encontram com tanta concordância, infelizmente, mas ainda assim ele levou numa boa...
Eu até fico bem na grande maioria das vezes, mas me dá uma tristeza no peito de vez em quando, acredito
por lembrar do caso e de estar acontecendo com meu pai, enfim... ossos do ofício.

10 de Fevereiro de 2014, mais um dia para a aposentadoria...

Hoje de manhã falei com minha filha Maria Luísa e ela me perguntou o por que eu queria que ela gravasse um vídeo para o meu pai... para entender a história, aconteceu o seguinte: enviei um e-mail para a parte mais próxima da família, isso inclui nós (filhos) genros e noras, além das netas e que todos gravassem um vídeo cantando uma música regravada do Claudinho e Bochecha, regravada pela Adriana Calcanhoto com o nome de “Assim sem você”, pra que pudéssemos presenteá-lo, afinal, não há nesse mundo pessoa mais apaixonada pelos netos que meu pai. Qual era minha intenção? Editar todos os vídeos, para que todos cantassem um pedaço da música, pra ficar bonitinho, enfim. O caso é que minha filha sabe que meu pai está muito doente (tive que contar pra ela de uma forma mais suave, mas ela precisou saber) e que pode não ve-lo mais após a viagem que fará ainda hoje para a Disney com a mãe. Ela me ligou 3 vezes por não conseguir gravar e começara  chorar durante o vídeo, tadinha... eu a entendi e disse que ela poderia gravar depois... caso ocorra o pior, eu o homenageio depois para a família, o importante é isso sair.
Fiquei com peninha dela, afinal, é normal ficar muito triste com essa situação e ela é tão pequenina, imagina ela viaja para longe, fica 20 dias fora e quando volta não encontra mais o avô vivo, que maldade seria? Por isso resolvi contar e não me arrependo, mesmo que ela sofra um pouco, mas vai fortalece-la, tenho certeza e quando ela crescer, não sentirá tanta dor, pois ainda é bem novinha.

Ainda não falei com meu pai hoje, mas não vou incomodá-los, afinal eles iriam ao hospital fazer um exame de sangue e sair com meu pai requer uma atenção redobrada, já que ele não está tão confiante quanto seu equilíbrio, então prefiro ligar mais tarde, quando eles retornarem do médico, então eu escrevo aqui para relatar detalhadamente como foi tudo.

Consegui falar com meu pai e ele está bem, sem muitas esperanças. Na verdade os achei bem estranhos, pois não quiseram falar comigo direito, sei lá, parecem estar me escondendo algo, mas isso eu só vou saber se apertar minha mãe... e é o que pretendo em breve.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

07 e 08 de Fevereiro de 2014

07 de Fevereiro de 2014, ligação só à noite...

Ontem a noite conversamos, minha esposa e eu, sobre não ligar mais para o meu pai de manhã. Na verdade, ligar para ele de manhã foi uma ideia minha, pois depois que soube da notícia, cada dia que acordo penso que ele pode já não estar entre nós e fico muito ansioso para ouvir a voz dele, mesmo fraquinha. Ontem a minha manhã foi bem tensa e eu fiquei bem triste com o que aconteceu, mas vida que segue. Cheguei em casa e, como sempre, fui confortado pela minha mulher que tem sido uma SENHORA amiga, mais do que ela sempre foi em todo o tempo que estamos juntos. Soube também, ainda ontem, que meu sogro e minha sogra foram visita-lo e achei muito bom, pois meu pai tem curtido bastante as visitas e tem se mostrado um tanto quanto “melhor” visualmente para estas situações. 
Não aguentei: LIGUEI!! rsrs. Eu preciso saber se ele está bem, só isso... mas graças a Deus ele está “bem”, diante da situação e do quadro, ele está bem e isso é o que importa. Falei com minha mãe e eles estavam dentro da agência da Caixa Econômica Federal resolvendo assuntos de PIS, pois meu pai agora está bem preocupado em deixar algo pra minha mãe, acredito eu, normal dele, afinal ele sempre se preocupou muito com isso e com minha mãe com relação a dinheiro e ele está certíssimo. Claro que minha mãe não ficará despreparada, muito menos “largada”, mas acho digno ele fazer isso por ela. Meu pai é um gênio!! =)

Na verdade eu nem consegui falar com ele e nem com minha mãe direito, pois eles estavam dentro do banco e não puderam me atender, mas assim que falar com ele escrevo mais detalhadamente como está sendo o dia dele na data de hoje...
Consegui falar com ele e ele estava bem cansado, cansado ao ponto de sua voz quase não sair. Ainda assim, ele tentou fazer algumas brincadeiras comigo, mas a voz não saia... eu queria rir, mas ao mesmo tempo sabia que estava sendo bastante sacrificante para ele, então deixei-o descansar para podermos conversar com calma e melhor uma outra hora, mas ele está bem, dentro daquilo que sabemos que ele tem, está bem e ainda brinca com a situação, o que torna tudo mais fácil.

08 de Fevereiro de 2014, sábado feliz com meu pai...

Mais um final de semana, minha esposa e eu fomos para a casa dos meus pais. Acordamos relativamente cedo e fomos para lá ficar com ele enquanto minha mãe fazia uma consulta no médico e fazia uns exames, tadinha, ela não teve mais tempo de fazer nada dedicando seu tempo integral ao meu pai, por este motivo me propus a ficar fazendo companhia a ele enquanto ela estava fora e minha melhor amiga e esposa foi comigo.  Chegamos lá, meu pai como sempre estava deitadinho vendo TV, nós ficamos lá com ele. Ele estava de bom humor, vendo seus programinhas e disse que parou com todos os remédios, com exceção apenas da insulina, todos os remédios ele parou e não é que ele está se sentindo bem melhor? Está com forças para andar, está conseguindo se alimentar direitinho, enfim, está bem melhor do que quando ele diz que tá bem e ao telefone eu sei que ele não está, ficamos indignados, mas confiantes, afinal qualquer coisa que deixe ele bem e o faça sentir-se bem é viável e aceitável. Ele já faz a químio, então acredito que se ele se sente melhor sem os remédios que toma em casa e isso não lhe causa prejuízo, não vejo problema. O ideal é pensar que nada lhe trará a cura, então o bom mesmo é poder viver sem incômodos e dores e isso está acontecendo, graças a Deus.

Em contrapartida seus olhos estão bem mais amarelos do que da última vez que o vi, mas segundo a ciência é um caminho normal que o organismo segue. O próximo passo seria o aumento de volume da área abdominal e meu pai já está ciente disso, de qualquer forma, viveremos um dia de cada vez e vamos deixando que Deus nos guie neste caminho tão delicado, não tem nada mais a se fazer a não ser dedicar muito carinho e amor pra ele, o resto está nas mãos de Deus, sempre.
Um dica que dou a você que está lendo este livro: caso você não tenha ou não goste de nenhuma religião, sugiro a apegar-se a alguma coisa para o melhor conforto, mas é só uma opinião sincera, cabe a cada um o que fará para se manter melhor e mais confiante.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

05 e 06 de Fevereiro de 2014

05 de Fevereiro de 2014, um susto e nada mais...

Falar sobre o desespero de o telefone chamar e ninguém atender. Quatro vezes foi o número que liguei para minha mãe e meu pai. Na quinta vez, minha mãe atendeu, disse que está tudo bem, mas não está em casa. Disse que deixou meu pai dormindo e bem em casa, mas o telefone de casa, mas

ele não atende o celular, nossa, que angústia. Eu queria trabalhar perto de casa agora, pra poder voar lá e ver se ele está bem mesmo ou não. Espero que alguém me retorne logo com uma notícia normal, de que ele estava com os telefones longe dele apenas ou dormindo mesmo...
A boa notícia é que consegui falar com ele ao telefone e, apesar da voz bem fraquinha, ele estava bem e deitado. Disse não ter me atendido por conta de estar no banheiro, coitado. Ele continua bem debilitado e frágil, não consegue mais comer direito, só de olhar pra comida ele faz vômito ou foge o mais rápido possível. Seu peso diminuiu consideravelmente pelo que minha mãe diz, na verdade, isso é só mais um dos vários passos da doença.

Acabei descobrindo que o câncer dele é um Adenocarcinoma tardio, ou seja, só foi descoberto quando a cura já estava fora de cogitação, provavelmente, por conta dos excessos que meu pai teve durante a vida, ele mesmo diz que fez muita merda na vida e que viveu tudo muito intensamente, infelizmente hoje está pagando o preço por tudo isso, mas sabemos que não é só por isso, pois envolve muitas e muitas outras coisas que eu nem gostaria de relacionar detalhadamente neste momento, mas todas tem a ver com a forma de vida, a alimentação, o stress, enfim.

06 de Fevereiro de 2014, fragilidades da vida...

“Ele caiu!”, “Como assim, mãe?”, “Ele caiu, meu filho, na rua anteontem e no banheiro hoje, está frágil e não consegue se levantar com facilidade...”, “Nossa, mãe!! – neste momento meus olhos se enchem de lágrimas – E o que você acha? Seja sincera... preciso enfrentar isso diariamente!!” – minha mãe chora - “Eu acho que está chegando ao fim, meu filho!” e então um silêncio tomou conta de nós dois, por segundos (os mais longos que já vivi) e a primeira vontade que me deu foi de voar do meu trabalho e chegar na casa deles para dar um doloroso, mas ao mesmo tempo amoroso abraço na minha mãe e deitar do lado do meu pai e dizer para ele que eu o amo tanto que se pudesse, mudaria isso, hoje e para sempre. Na sequencia minha mãe passou o telefone para ele e ele, com a voz bem fraquinha, disse pra mim pausadamente: “Eu tô fraquinho, fraquinho, nem consigo me levantar e até pra falar tá difícil, meu filho... mas também, eu não consigo me alimentar direito, porque de longe eu sinto náuseas só de sentir o cheiro da comida ou pensar que ela tá pronta...”. Meu coração ficou apertado e eu segurei a voz, tentei acalmá-lo da melhor forma, mas acho que sou a pior pessoa pra tentar fazer isso com ele. Debaixo desse corpo enorme que eu tenho e de toda essa fortaleza que eu (às vezes) aparento, sou mole igual “Maria mole” e me derreto inteiro só de pensar que o MEU PAI está deixando esse mundo.


Eu gostaria de propor uma coisa a você que conseguiu chegar até aqui: feche os olhos ao acabar de ler esta frase e pense em uma pessoa que você ama muito... pense com muita força nesta pessoa e ao abrir os olhos, corra para abraça-la imediatamente. Se ela mora longe de você e não for tarde ou, se você tiver disponibilidade, vá AGORA até esta pessoa e a abrace muito forte. Jamais canse de dizer que a ama, jamais diga que ela é chata ou brigue com ela por ela ter feito alguma coisa que você não gostou naquele momento, principalmente se esta pessoa for seu pai ou sua mãe. Por mais defeitos que eles possam ter, lembre-se: eles são seus pais e só Deus sabe até quando você os terá por perto, então releve, perdoe e abrace-os muito e sempre como se fosse a última vez que fosse vê-los, todos os dias. Acho que o que me diferenciou de muitos filhos por aí, foi o fato de eu sempre ser intenso em sentimentos, sempre demonstrando muito amor, carinho e muito respeito não só aos meus pais, mas a todas àquelas pessoas que eu sempre amei. Enfim, isso não importa agora, então feche os olhos e faça o que lhe pedi: Corra, pois o tempo é muito cruel (ou não) e passa muito, mas muito rápido mesmo.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

03 e 04 de Fevereiro de 2014

03 de Fevereiro de 2014...

Uma segunda-feira comum, se não fosse essa tristeza que eu carrego diariamente comigo. Já não bastasse ser segunda-feira, ainda tenho uma dor que não passa e que me persegue diariamente. Tenho aprendido a controlar mais minha vontade de chorar e meu sentimento de “pré-perda”, o que é muito bom.

Não estudei sobre a “pré-perda”, na verdade, acho que eu mesmo inventei a palavra e descobri o sentimento em mim, pois, assim que descobri e, mesmo antes de saber se o tumor era maligno ou benigno, eu já estava matando meu pai no meu pensamento, chorando como se ele estivesse partindo... ele está partindo vagarosamente, mas não da forma que eu fantasiava. Acho que nós – seres humanos – gostamos de sofrer e gostamos mesmo, comprovadamente, mas não sabia que era tanto, pois enquanto meu pai estava brincando comigo, eu só pensava em como seria sem ele por aqui. Acredito que isso seja uma coisa normal, um pensamento de quem ama, enfim. Bom mesmo era saber que ele ainda estava ali e pensar que ele poderia “durar” mais tempo aqui conosco – de forma egoísta – me fazia melhor e assim fui ‘empurrando’ esse sentimento para dentro e fui melhorando meu humor durante o dia. Conversar com meu pai pelo telefone me dá felicidade e agonia, pois começamos a falar ele está ofegante e com a voz diferente do que eu sempre escutei, fraca, mas brinca no telefone e mostra que está, de certa forma, bem. Meus pais sabem como sou – o mais chorão – e eu tenho certeza que eles farão o que puderem para evitar que eu saiba das coisas antes ou para eu ter que ouvir todos os dias: meu pai está mal...

04 de Fevereiro de 2014, busca de recursos...

Hoje meu pai acordou com vontade de resolver os assuntos referentes à Caixa Econômica Federal, recebimento do PIS (sim, ele tem direito depois de lutar muito) e às contribuições para a previdência para que ele possa deixar uma pensão para minha mãe... sinto que as forças dele estão acabando, então por isso ele tem pressa em resolver isso. Hoje ele acordou sem dor e me parecia bem animado ao telefone, coisa que também me anima, pois apesar da doença e do quadro em que ele se encontra, ainda lhe resta motivos para sorrir e brincar com a gente. Meu pai é muito forte!!

Sinceramente só por um milagre um homem que deixou de contribuir à previdência há tanto tempo conseguiria resgatar o “tempo perdido” com relação à aposentadoria por invalidez (doença crônica), entretanto, para a minha surpresa, ele conseguiu. Não posso deixar de agradecer à minha madrinha Márcia Vendramin, que ajudou em 100% de todos os procedimentos para que isso se tornasse um dia possível. Aliás, minha madrinha foi uma senhora MADRINHA, sempre. Quando a mãe dela (Dona Dalva, que Deus à tenha) ficou doente também com câncer (ela enfrentou muitos tumores por todo o corpo até o dia de sua morte), minha mãe esteve ao seu lado, o que nos faz ter a certeza de que hoje é você quem precisa de ajuda, amanhã sou eu quem preciso e nós podemos nos encontrar novamente. Através deste pensamento acredito que ela se incentiva sempre e por isso ajuda meus pais em tudo. Até no almoço, quando tia Márcia sobe ao 402, anima meu pai a comer, coisa que ele faz muito de vez em quando. Queria ter dinheiro para pagar à estas pessoas, não por “serviços prestados”, mas para poder recompensar de alguma forma o “trabalho” que a gente acaba dando durante a vida à elas. Um obrigado só não parece suficiente, mas é... acaba sendo...

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

01 e 02 de Fevereiro de 2014

01 de Fevereiro de 2014, uma conversa nada fácil...

Fui pegar minha filha na casa dela em São Gonçalo, onde mora com a mãe e a avó. Ao entrarmos no ônibus, iniciei uma conversa muito tensa e emocionada onde expliquei que o estado de saúde do vovô era bem delicado e que, infelizmente, poderia ser a última que ela o veria. Nós choramos bastante no ônibus e o mais engraçado foi que esqueci completamente que havia outras pessoas lá, parecíamos só nós dois, pela sintonia de como nos confortamos diante dessa situação muito triste e complicada. Outra coisa interessante é que as pessoas dizem que eu não deveria falar nada, agora imaginem a surpresa de uma criança de 9 anos, que ama o avô e tem contato frequente com ele, viajar e, quando voltar, saber que o avô morreu (espero que isso não aconteça claro, mas preciso contar com essa possibilidade) e ela nem sabia como ele estava de fato. Não achava justo isso com ela, até por que, há uma hora na vida em que infelizmente temos que ensinar aos nossos filhos: a vida é passageira e um dia todos nós vamos embora, o ciclo é assim, a vida é assim e precisamos aceitar de forma adulta e concentrada esta etapa. O importante foi que quando chegamos na casa dos meus pais, meu pai estava animado e nós brincamos muito com ele. Apesar da cor amarelada e da dor que ele sentia, tudo correu bem e a minha filha foi bem forte, nem parecia que ela sabia de nada. Nós passamos uma tarde linda, cheia de amor, de carinho, como família e unidos que é o mais importante.

02 de Fevereiro de 2014...

Neste dia fatídico a minha sobrinha, Maysa, ficou sabendo do avô (meu pai) e, por incrível que pareça, não vi nas expressões dela nenhum tipo de “movimento” ou atitude que me fizesse entender que ela estava triste como eu. É como sempre falo para todos: cada um tem uma forma de receber uma informação e processá-la e, talvez, a forma dela seja de “fuga” e fingir que está tudo bem para a mente e o corpo não sofrerem. Minha irmã age igual, aparentemente, pois quando conversamos, sinto que ela não tem nada pra me dizer, sinto que não quer chorar comigo, sinto que “passou”, mas sei que não é isso, mas a impressão é tamanha e acaba fazendo com que eu acredite, por vezes, que ela realmente não sente nada, entretanto, em outra oportunidade quando perguntei a sua opinião sobre o que estava acontecendo com nosso pai, aproveitei e disse: “Vocês estão bem, né?”, então ela se debulhou em lágrimas. Fiquei com “pena”, pois queria abraça-la e chorar junto dela, mas minha irmã não é muito assim como eu, ela até chora normal com tristezas e situações que  pedem um choro, mas não curte muito ser abraçada (pelo menos por mim) neste momento, foi o que percebi. Então, minha irmã, se estiver lendo isso e eu tiver entendido errado, por favor, me desculpe, mas era o que você me passava na ocasião. O importante mesmo era saber que ela ligava e que estava tão triste quanto eu, mas a forma dela demonstrar era essa, até mesmo para conter seu corpo e sua mente e mantê-los controlados, já que o fim era certo e não havia nada, infelizmente, que pudesse ser feito. Eu, pelo contrário, desde o dia em que soube da doença, não deixei de ligar para o meu pai nem um dia sequer. Tudo bem que meu pensamento me faz crer que devemos fazer isso sempre, mas a vida segue, nós (filhos) seguimos nosso caminho e não tem como ligar diariamente. Eu sempre ligava às quartas e vezes intermitentes para falar com os dois ao celular, mas não era diariamente, diferente a agora, pois todo o carinho que eu der, que a família que meu pai tanto ama der, será o mínimo que faremos por ele em vida e neste momento tão delicado.

08 de Janeiro de 2014

08 de Janeiro de 2014, meu pai, meu amigo...

Antes de darmos início à fase mais crítica da doença do meu pai, gostaria de relembrar o dia de seu aniversário que foi muito especial para todos nós e nem imaginávamos o que estava por vir.

Hoje é um dia muito especial na vida do meu pai, pois é o aniversário dele. Não só ele fica feliz nesta época do ano, meu pai sempre foi muito festeiro e animado para o aniversário, além disso, grande maioria dos seus aniversários eram marcados por um rodízio de pizza que ele sempre gostou muito de fazer. Todos gostavam muito, sempre, das pizzas que meu pai fazia, pois era sempre muito caprichadas de tudo o que você possa imaginar.
Ultimamente, meu pai não tem estado com 100% da saúde em dia, mas tem trabalhado e, neste aniversário exclusivamente, ele estava sentindo dores, então ele até se divertia, mas estava pálido e o sofrimento geral era inevitável, infelizmente. Neste dia ele já estava com a doença (essa dor era o sinal mais certo de que a doença já estava avançada), mas ainda não sabia e eu parto do princípio que, quando não sabemos de uma doença, ela demora a dar, de fato, as caras.

Até este dia, meu pai já tinha se internado três vezes para procedimentos cirúrgicos e por mais que os dias internado fossem ruins, nós conseguíamos nos divertir bastante com isso, pois no fundo ele sempre gostou do tratamento que recebeu neste hospital. Sempre no mesmo hospital ele acabou pegando amizade com as enfermeiras e médicos e sempre, como em todo lugar que passava, era muito querido por todos, graças a Deus.
Fazendo meio que uma retrospectiva, posso dizer que ele operou duas vezes a perna e fez uma ponte de safena, para que o sangue das pernas conseguissem circular de forma mais agradável e aquela dor que ele sentia ao caminhar ficasse menos incidente. Fez também uma cirurgia para remover as cataratas, momento que o fez enxergar de novo, pois ele estava quase cego, tudo isso por conta do diabetes que, no caso dele, foi adquirido e não genético. Numa das cirurgias da perna, meu pai chegou a precisar extrair um dedo, mas levou isso tão na boa, que nem fez falta e nem sofremos. Ao invés de desanimar, ele continuou seu trabalho na feira aos domingos vendendo seu famoso “gnochi” (nhoque), fazendo o sucesso que sempre fez, depois de se recuperar da cirurgia, até então, não conhecíamos os “amigos” verdadeiros do meu pai, que posso afirmar com propriedade, são poucos.

Ainda assim, depois das duas cirurgias, meu pai ainda teve dificuldades para andar, mas mesmo assim continuou sua jornada de trabalho normalmente, para provar (nem precisava e nem era essa a intenção dele) a todos que ele era capaz disso, com louvor e uma coroa que jamais lhe seria retirada.
Infelizmente, em um desses dias, depois da cirurgia de cataratas, quando ele já sentia dores abdominais, ele foi lá na minha casa e já mostrava sinais de que estava com um problema muito mais sério do que o problema das pernas... minha sogra alertou minha esposa que não me disse o que era no primeiro momento, mas acertou em cheio, era o câncer que já tomava um espaço grande em seu corpo... mesmo assim nossa família não sabia o que esperar e nem o que a estava esperando.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

08 de Novembro de 2013

08 de Novembro de 2013, o mundo parou e eu desci...

Eu nunca fui muito sortudo com empregos na minha vida. Na verdade, eu não sei se fui incompetente o suficiente para não ficar muito tempo em nenhuma empresa que passei ou se as empresas de fato não me atendiam no seu geral e eu me cansava e acabava chutando o balde e, na sequencia, eles me “bicavam” de lá. Era sempre assim: eu entrava na empresa, fazia todo o processo de admissão, acabava gostando muito dos meus companheiros de trabalho, mas logo achava alguém que implicavam comigo, sei lá, não sei se era coisa da minha cabeça, mas sempre achei alguém meio que sem força e era uma coisa tão óbvia e na cara que sempre consegui provar para quem quisesse ver que era real e que eu não estava inventando.

Uma das empresas que mais gostei de trabalhar foi o Hortifruti, uma empresa sólida, grande e que me dava certa estabilidade apenas pelo fato de que os funcionários eram satisfeitos e trabalhavam direitinho, não fosse a entrada do Humberto, um cara que começou a tomar conta de tudo o que eu fazia e que insinuava zilhões de coisas pra mim, o que me fez desgostar de todo o trabalho que eu desenvolvi durante um ano em que estive naquela empresa e desistir completamente de dar continuidade ao meu contrato lá. Em contrapartida, o Leonardo (supervisor) já não ia muito com a minha cara e eu com a dele, então quando cheguei pra ele e pedi que ele me demitisse, acho que ele ficou muito feliz e assim foi feito, em menos de 2 meses eu estava fora, graças a Deus.

Eu gostei de outras empresas depois do Hortifruti, mas nada se compara à X-Time, uma empresa de logística com 3 sócios, mas dirigida pelo João Dias, um cara legal na primeira instância, mas mal pagador e, no fim de todas (todas mesmo) as contas, um canalha que só usou o trabalho de 40 pessoas, jogando no lixo tudo o que restou de cada um deles. 
Estive nesta empresa por 7 meses, os mais gostosos 7 meses da minha vida profissional depois do hortifrúti. Eu não ganhava lá essas coisas, mas tinha certas bonificações que melhoravam e muito a minha vida e estava de pouco a pouco retomando meu padrão de vida, quando do nada (dia 07/11/2013 eu estava empregado) no dia 08 de Novembro de 2013 ele me demitiu e alguns dias depois veio a falir.
Ele afundou a empresa da esposa dele e, sinceramente, nem sei como eles estão juntos até hoje (e estão que eu sei). O pior nem foi só isso, na verdade, foi muito pior do que isso: não recebi salário, benefícios, rescisão, NADA! Novembro e dezembro foram os piores meses da minha vida, quase passamos fome, não fosse a ajuda da minha esposa, da família dela e da minha família. O natal foi com muito amor, com família e saúde, mas sem comidas extravagantes como sempre é, o ano novo então, nossa... eu achei que fosse enlouquecer, mas graças a Deus eu consegui sobreviver a isso de uma forma adulta e permaneci vivo. 

Claro que isso não ficou por isso mesmo, pois eu entrei com um processo destruidor contra ele e qualquer outro sócio que puder existir, para que eles se lembrem de mim a vida inteira... mas se você pensa que acabou, está errado, por que ele se juntou com os antigos gerentes (ladrões, canalhas que o ajudaram a afundar e ele nem percebeu) para “continuar a empresa” e contratou ainda outras pessoas. Eu tentei por diversas vezes voltar a trabalhar com ele, pois eu gostava. Tentei negociar com ele por fora do processo e depois cancelar o processo, mas nada, ele não queria e provavelmente estava sendo influenciado por algum desses bandidos a quem ele se juntou, enfim.

Conclusão: o processo ainda está em andamento e eu estou muito ansioso para arrancar cada centavo que eles me devem... foi um ano muito difícil da forma financeira, mas fluiu e conseguimos viver. Não conto isso para que sintam “pena”, nem me acho digno disso, conto isso para mostrar que se sua vida está ruim, há uma luz, há chance de você sair dessa... procure algum amigo (amigo mesmo), procure sua família e, se você errou, peça desculpas, não se humilhe, mas perca seu orgulho, pois nessa hora ele não vale de nada. Levante sua cabeça e siga em frente, pois Deus jamais lhe fechará uma porta, sem antes ter aberto uma outra porta com muito  ais benefícios e responsabilidades, assim como ela abriu 2014 pra mim e vem aí muita história pra contar...

(NA ATUALIDADE, ESTA REALIDADE MUDOU E MUITA COISA JUNTO DISSO, TAMBÉM, MAS NÃO QUIS MUDAR O TEXTO QUE DIZ EXATAMENTE COMO EU ME SENTI NESTA ÉPOCA).