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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

21 de Outubro de 2014

Peço desculpas às pessoas que leem meu blog diariamente, mas estes últimos dias foram de extremo estresse no meu trabalho e de muito trabalho em casa com meu filho... mas tá aí! Obrigado a todos.

21 de Outubro de 2014, meu celular de volta...

Não há e não deve haver uma pessoa nessa vida que não saiba o que eu posso fazer pela minha família, que o meu pensamento vai além e que eu sou muito, mas muito perseverante naquilo que quero, até por que sempre fui perseverante e porque TUDO o que eu quero não vem fácil, eu preciso batalhar e muito para conseguir. Sempre foi assim, desde muito novo, com tudo de material que eu queria conquistar. Isso acontece sempre que eu quero um celular novo, algum tipo de eletrônico ou conquistar algum objetivo que outrora eu havia desejado.

As pessoas devem pensar que minha família e eu somos ricos ou algo do tipo, mas mal todos sabem é que eu vou muito além do meu limite para conseguir cada pequena coisa que eu consigo. Eu vendo algumas coisas para conseguir uma, eu me desfaço de várias, para conseguir uma, se esse for o meu desejo, mas jamais (EU DISSE JAMAIS) sacrifico minhas responsabilidades, para satisfazer meu ego, nunca fiz isso e jamais o farei, até por que é um tremendo desrespeito aos que estão na “fila”.

Eu estou com um aluguel em atraso, o que me incomoda muito, mas ao mesmo tempo, meio chateado, pois sempre fui muito correto com o pagamento do meu aluguel que faço diretamente ao meu sogro que é proprietário do apartamento onde eu moro. Infelizmente há necessidade da cobrança sim, afinal, o espaço é dele, entretanto, acredito eu que pela vivência e por saber que jamais deixei de pagar, poderia haver um pouco mais de compreensão, enfim. Não sou eu que tenho que dizer isso, ne? Acredito que teria que partir dele essa atitude, mas jamais partirá, pois ele tem um coração diferente.

Algumas pessoas me dizem que ele é sozinho e eu acho, inclusive, que algumas pessoas sentem uma certa “pena” por este status, não quero citar nomes, mas existem pessoas que acatam qualquer decisão dele o que fazem com que ele fique muito maior do que seus humildes 1,60cm, mais ou menos.

A própria filha diz ser muito infeliz por receber a cobrança de aluguel do próprio pai e sempre conversamos que o MEU PAI, jamais cobraria, mesmo que a minha esposa quisesse morar sozinha, pois ele nunca foi apegado a nada, mesmo ganhando sempre muito pouco e vivendo de bicos. Já ocorreram situações do meu pai esvaziar a carteira para nós, filhos, e ficar duro só pra ter o prazer de dizer depois que DEU E QUE DARIA MAIS SE TIVESSE. Exemplo por exemplo eu acho que puxei do meu pai, pois não me apego a certas coisas ou a coisa nenhuma, pois recentemente eu vendi meu celular (os que me conhecem bem pouco, vão entender do que estou falando e do carinho que tenho por cada aparelho que passa pela minha mão) para sanar dívidas que minha família enfrentava, mas é o que eu sempre digo: eu trabalho e ganho de novo outro dinheiro que, com certeza, fazendo o tal “estica e puxa” eu consigo tudo de novo. Tudo bem que até hoje não conseguir repor certas coisas que já havia prometido, tais como nossa máquina fotográfica e nosso tablete, mas devagar eu vou fazendo as coisas acontecerem.

Neste dia eu consegui ter meu celular de volta, mas depois de uma semana tentando achar um jeito de tê-lo sem que eu prejudicasse ninguém (até que um anjo apareceu um amigo novo que me provou que a confiança é algo que se conquista de verdade... e resolveu comprar pra mim parcelado a perder de vista), muito menos as minhas obrigações de casa, como as contas que tenho que pagar, além disso, tenho um dinheiro pra receber (dinheiro este que não precisarei devolver, pois se trata de uma dívida) e pretendo quitar (ou quase quitar) este aluguel pendente, para que ninguém tenha mais nada a dizer de mim. Uma pena mesmo essa situação estar acontecendo conosco, mas acredito muito que isso vai passar uma hora dessas e que vamos rir de tudo isso num futuro não muito distante.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

04 e Outubro de 2014

04 de Outubro de 2014, aniversário da minha irmã..

Impressionante como o tempo passa não só pra gente... hoje é aniversário da minha irmã e estamos todos reunidos na casa dela. Ela preparou aquelas pastas que ela faz de vez em quando e que todos ficam muito ansiosos para comer, pois são umas delícias. Digo que o tempo passa, pois fazem quase 8 meses que meu pai faleceu e minha irmã nunca foi de mostrar muito sua tristeza com relação a este assunto, o que não significa que ela não sofra, muito pelo contrário, depois de adulta, ela era a pessoa que meu pai mais era ligado nos últimos tempo. Eles pouco se falavam, mas eu sentia uma ligação “extraterrestre” que não conseguimos entender.

Em nenhum momento em seu aniversário, ouvi ela comentar que gostaria que meu pai estivesse, ou qualquer outro comentário desse tipo de uma pessoa que perdeu alguém muito importante da família, enfim... vá entender. Cada um reage de uma forma e vai saber porque isso acontece com ela, vai ver que é uma forma dela se esquivar da lembrança, igual eu estou aprendendo a fazer, quem sabe.

O importante é que o aniversário correu bem, eu detonei aquelas pastinhas e nos divertimos muito, pois lá todos são sempre muito alegres, salvo raras exceções, sempre rimos muito lá, então foi muito agradável e divertido... só faltou nosso pai lá!

O tempo pode ser nosso amigo, basta fazermos com que isso aconteça, somente nós mesmos temos o dom de destruirmos nosso interior e transformá-lo numa prisão inacessível, ninguém mais...

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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

01 de Setembro de 2014

01 de Setembro de 2014, Não cuspa pra cima, pois pode cair na sua testa...

Quando eu digo que o mundo dá voltas, eu falo de experiências que a vida me trouxe e me fizeram tirar essa conclusão, um exemplo muito bom que eu posso demonstrar a você que acompanha o meu blog há algum tempo, ou até mesmo para você que começou a ler há poucos dias ou hoje, enfim, é que em Novembro de 2013, eu perdi um emprego da qual achei que fosse me aposentar. Não era tão bom no lado financeiro quando o IBP (empresa que trabalhei depois que saí desta), mas era bom por conta do clima de trabalho, da confiança que já havíamos conquistado uns com os outros e de todo o trabalho que tive para adquirir isso. O nome da empresa é X-Time e eu já contei a história dela na minha vida, como disse antes, se quiser ver vá em Novembro de 2013 e encontrará a história, é bom que você conhece um pouco mais dessa minha vida cheia de surpresas.

Minha saída da X-Time foi marcada por um processo quase que litigioso, marcado por muitas mágoas, exatamente pela experiência que tivemos juntos, pelo caminho que traçamos, pela confiança, enfim, por vários motivos que hoje me fazem acredita que eles não morreram em vão ou não morreram nunca, ficaram apenas guardados.

O processo ainda estava em andamento nesta data que vos falo, mesmo assim, uns dias antes disso, entrei em contato com o João Dias (diretor da empresa), perguntando se ainda havia a possibilidade de trabalharmos juntos, apenas para que eu pudesses virar essa página na minha vida. Eu tinha a certeza que ele não me responderia, mas para (mais uma vez) minha surpresa, ele respondeu quase que imediatamente.

Posso dizer que depois desse contato até a minha recontratação na empresa não demorou nem uma semana e logo estávamos juntos novamente. Voltei fazendo o que sempre quis fazer, após ter combinado um acordo bem bilateral que atendia os dois interesses. Confesso que saí perdendo um pouco, mas para ganhar mais na frente, pois do jeito que a X-Time estava, não imaginei que ela alcançaria voos tão mais altos como está acontecendo agora.

Entrei no dia 01 de Setembro de 2014, novamente, na empresa X-Time com muito orgulho, pois sei que posso fazer um bom trabalho e é o que venho desenvolvendo até então. O ambiente é outro, bem melhor do que aquele que vivíamos, as pessoas diferentes, com exceção de 2 pessoas antigas que continuaram junto a eles, mas um clima bom de trabalho, espaço, oportunidades e dinheiro entrando, coisa que não se via na X-Time há algum tempo.

Hoje eu posso dizer que NUNCA podemos dizer NUNCA. Nunca é um tempo muito, mas muito distante e não sabemos o dia de amanhã. Eu estava desempregado, com um filho pequeno e foi me dada uma outra oportunidade na empresa que, a princípio, achei que fosse me aposentar, num segundo momento achei que nunca mais pudesse voltar e hoje quero me aposentar de novo. Sei que a X-Time ainda tem muito a me oferecer e eu estou muito satisfeito de estar lá, de verdade, por isso eu lhes dou mais uma dica: sempre que sair de uma empresa, por mais difícil que tenha sido, pois não sabemos o dia de amanhã e podemos precisar dessa empresa. Felizmente houve uma grande compreensão por parte dos sócios e da direção da empresa e me aceitar de novo, mesmo com o processo ainda em andamento, enfim. Coisa engraçada, né? Rsrs. Pois é! Essa é a minha vida...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

25 de Agosto de 2014

25 de Agosto de 2014, seis meses sem meu pai...

Caro leitor, se você está cansado de ler meu blog porque eu falo muito do meu pai, mesmo ele tendo falecido há 6 meses completos hoje, peço que pare por aqui, pois este blog (livro) que escrevo diariamente é única e exclusivamente para falar sobre a doença que meu pai enfrentou, o que a família enfrentou junto a ele nos momentos mais difíceis e como nos saímos (e estamos nos saindo) no pós doença e depois de ter perdido uma pessoa tão pra cima e tão boa quanto o meu pai.

O nome “Depois do Câncer” fala sobre como devemos ser depois que a doença leva nosso familiar, não de forma explicada, pois não existe explicação para isso e cada um leva de uma forma única, mas para abrir a mente de quem passa ou já passou por esta situação e ajudar às pessoas que precisam ler ou escutar algo sobre esse momento tão difícil.

A primeira coisa que tenho a dizer hoje é: saiba, em primeira mão, que a pessoa que está com a doença (câncer), independente de qual seja e de que tipo seja, VAI MORRER. Sim, ela vai morrer, pela doença ou não, assim como eu, você, nossos amigos e o mundo, pois a vida é assim mesmo, existe um ciclo que precisa ser seguido e uma ordem natural que precisa ser alcançada, é como se fosse um objetivo natura da vida sobre nós, enfim. Tendo na cabeça que a pessoa vai morrer já te libera pra pensar que pode ser agora ou pode ser mais tarde, isso vai depender de DIVERSAS condições, sejam elas físicas, psíquicas, mentais, entre muitas outras disposições tanto da pessoa que está atravessando esse momento difícil quanto para quem a acompanha nesta estrada silenciosamente dolorosa.

A segunda coisa importante que eu tenho pra dizer é: não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje, então seja PRESENTE, ligue, compre uma lembrança, faça declarações de amor, seja o foco e desfoque o outro foco, distraia, cante, sorria, faça o que estiver ao seu alcance para que aquela pessoa não pense estar sozinha e se pensar, o que é normal, faça mais força ainda para provar que aquilo não é verdade. Beije a testa desta pessoa, fale baixinho no ouvido que a ama, conte-lhe uma história. Muitas pessoas quando se deparam com uma doença como o câncer ficam deprimidas e acham que estão sozinhas ou até mesmo começam a se afastar de outras pessoas que ama para “evitar” um sofrimento, sabemos que isso é completamente errado e não faz parte do ciclo natural de amor em família, mas é um processo que faz parte da vida de quem tem a doença, foi mais ou menos o que aconteceu com meu pai. Nas últimas semanas de vida, quando a doença já estava bem avançada, ele se calou e quando perguntávamos algo sobre a doença ou sobre o que ele achava daquilo tudo que estava acontecendo, ele dizia simplesmente: “NÃO QUERO FALAR NÃO!” e não podíamos insistir tanto, pois seria chato demais e a última coisa que queremos é chatear esta pessoa mais do que ela já deve estar chateada.

Muitas pessoas encaram o câncer com “orgulho”, com sorriso nos olhos, com determinação, muitas vezes a doença é reversível e “vale a pena” pensar desta forma, pois sua mente ajuda o seu corpo a melhorar, juntamente com um tratamento, mas em outros casos, quando a medicina diz a você: “AGORA É SÓ ESPERAR!”, como disseram para os meus familiares sobre o meu pai, não há tanto em que se agarrar, na verdade, é hora de reunir a família em oração (para quem tem fé inabalável), dar sempre muita atenção e amor ao paciente e aguardar o fim, infelizmente.

Então se você está nesse quadro de que a doença é irreversível, não se desespere e chore sim, mas não deixe que esta tristeza te domine por muito tempo, chorar faz bem, então chore, passe o dia chorando, mas no dia seguinte, reerga-se em suas forças e olhe pra frente, pois SUA VIDA CONTINUA AÍ, VIVA!

A terceira e última coisa que gostaria de falar hoje aqui é: quando o futuro é certo, podemos nos programar, então programe-se, comece a pensar sobre o velório, o enterro, sim isso é muito necessário. Se não fosse minha mãe ter feito o plano funeral para o meu pai, mal teríamos dinheiro para enterrá-lo, pois infelizmente este é um processo muito custoso, ou seja, que exige um poder aquisitivo mais alto e nós não tínhamos isso, então deixamos tudo com eles e eles não faltaram, muito pelo contrário, nos trataram com muito respeito e nos fizeram ficar confortáveis, tratando a todos com muito carinho, inclusive o corpo do meu pai. Houveram alguns pequenos contratempos, mas acreditem, se não fosse a Rio Pax, teríamos muito mais. Então se você pode, faça um plano de saúde para seus pais ou se eles tiverem uma condição melhor do que a sua, convença-os a fazer um, faça para seus filhos, cuide de quem você ama, dê valor a isso, a tudo!

Obrigado aos que acompanham meu blog, fico feliz em poder dividir isso com vocês, para mim é uma forma de extravasar a saudade matinal diária que sinto do meu pai.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

10 de Agosto de 2014

10 de Agosto de 2014, primeiro dia dos pais sem ele...

Para quem acompanha o Blog há algum tempo sabe que perdi meu pai em 25 de Fevereiro, 4 dias depois do meu aniversário, vítima de um câncer no pâncreas com metástase para o fígado e outros órgãos vitais. Depois disso, a minha vida mudou completamente, jamais amanheci um dia igual no passado, quando ele ainda estava entre nós.

Hoje é dia dos pais e eu nem preciso dizer o quanto diferente estou, um pouco mais forte admito, mas triste e com muitas saudades. Para amenizar isso, fizemos o que meu pai mais gostava: um dia de alegria, com cerveja e churrasco na casa da minha irmã. Foi, com certeza, um dia muito divertido, pois eu estava com meus filhos e com minha família numa comemoração de um dia que agora era só meu e este dia, com certeza, ficaria guardado para sempre na minha vida.

A cada dia que passa a dor fica mais amena, com certeza e eu vou aprendendo a conviver com o fato de que eu não tenho mais meu pai por perto. O único ruim disso é que qualquer pequeno problema que aconteça, me remete ao meu pai, como se ele resolvesse todos os problemas pra mim, coisa que não condiz com a realidade, mas é certo: pensei em algum problema, o pensamento corre pro meu pai e a saudade aumenta de uma forma que eu não sei explicar.

Você que está lendo este documentário, já passou por alguma situação desse jeito? Descreva pra mim, envie um e-mail para: Gambini.rodrigo@gmail.com e divida isso com todos que leem estas experiências, para que isso possa servir de exemplo, para que isso possa servir de exemplo para outras pessoas e que elas possam pensar em algo numa hora tão triste como essa

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

25 de Junho de 2014 (parte 2)

25 de Junho de 2014, o fim de uma estrada percorrida pela metade...

Esta data do dia 25 de Junho de 2014, marca não só o “aniversário” de 4 meses do falecimento do meu pai, mas também o dia do meu pagamento no Instituto em que eu trabalhava e o dia em que eu, infelizmente, fui “limado” do quadro de funcionários da empresa. Foi a melhor empresa que eu trabalhei em 30 anos de vida, com relação à benefícios e salário, entretanto, fui contratado como temporário e sabia que, no fundo no fundo, não havia condições de eu ficar lá. Desde o início, por mais que as minhas esperanças fossem enchidas como bexigas de festa toda semana pelo pessoal que gostava de mim, sempre tive que dar um passo de cada vez com um pé atrás pra não cair, pois a qualquer momento, eles poderia me desligar, já que o contrato temporário não me dava nenhum tipo de “estabilidade” com a CTPS, enfim.

Eles, acredito eu, gostaram do meu trabalho, tanto que renovaram o meu contrato temporário pelo período máximo (6 meses) e me “aturaram” até o fim, mesmo quando já não haviam tantas coisas pra eu fazer lá. Fiquei muito triste ao sair, pois algumas semanas depois, o rapaz de trabalhava comigo e que acabou ficando com a vaga, postou no facebook sobre uma vaga em aberto cujo as funções eram fazer as mesmas coisas que eu fazia lá...

Pensem o que quiserem, mas o contrato temporário não permitiria que eu retornasse para a mesma função e setor dentro da mesma empresa, exatamente por eu ter atingido o período máximo permitido por lei, neste caso, eu estaria de fora sem pestanejar.

Agora você imagina eu como sou, no dia 25 de Junho, dia em que meu pai faleceu há 4 meses, perdendo o melhor emprego da minha vida por conta de um fim de contrato? Acho que nem vou precisar dizer que fiquei mal o dia inteiro, né? Que meu mundo acabou ali e teve que recomeçar no outro dia, isso porque com um filho pequeno em casa, eu nem teria como descansar de um emprego para o outro, precisaria de forma URGENTE arranjar um novo emprego. Controlar as emoções e o lado pessoal neste primeiro momento foi bem complicado, mas eu com muito esforço e ajuda da minha fiel esposa e amiga, consegui e nem demorou muito, eu consegui uma vaga surpreendente que eu vou contar no próximo capítulo.

O que eu queria deixar explícito aqui neste capítulo, neste dia fatídico, é que não podemos e nem devemos desistir diante de situações que nos mostrem poucas opções ou poucas oportunidades e que precisamos ser fortes, mesmo quando toda a bateria acaba e que precisamos correr atrás, senão ninguém corre pela gente e que precisamos ser muito, mas muito perseverantes sempre e não ficar no chão após a primeira queda. Na verdade, esta era a minha trigésima ou quadragésima queda, mas me levantei com fé, foco e força naquilo que eu queria e que precisava para manter minha casa e minha família vivendo tranquilos, em paz.

Não quero ser nenhum modelo de pessoa não, longe disso, mas se eu consegui, VOCÊ CONSEGUE! Alguns infinitos são maiores que os outros e o meu infinito é extremamente longo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

25 de Junho de 2014

25 de Junho de 2014, o fim de uma fase, início de outra...

Quando resolvi dar o nome do blog de “Depois do Câncer”, quis mostrar de alguma forma que a doença pode ser destruidora (ou não), mas que independente disso, depois que isso acontece, a vida continua, outras coisas acontecem e, em muitos casos, nós temos outras alternativas de tentar deixar a vida menos dolorosa com o tempo. Hoje ainda me lembro com um pouco de tristeza dos momentos que meu pai esteve deitado numa cama de hospital sem resposta, mas fico feliz dele não ter ficado com alguma sequela que o obrigasse a viver sob aparelhos ou em uma cadeira de rodas, completamente dependente de tudo e de todos. Em pensar que ele sofreu, mas não tanto ao ponto de sentir dores intermináveis e que ele “durou” tão pouco depois que o câncer começou a destruir o corpo dele. De certa forma, meu pai foi um guerreiro e nos últimos dias de vida, ele lutou pela vida dele e se ele não faleceu antes ou no dia do meu aniversário, foi porque ele ainda sentia algum tipo de esperança, sim, ele estava consciente, mas dormindo.

O que diferencia nós que já tivemos pais, amigos ou familiares (próximos ou não, mas que reservamos grande carinho) que já sofreram e vieram a falecer por conta do câncer, daquela pessoa que nunca teve algo assim parecido na vida, é a forma de ver a vida dali pra frente e a forma com que os sentimentos vão se adaptando a cada situação diferente que acontece diariamente depois do câncer.

Eu conheço pessoas que tratam mal seus pais e irmãos, que não ligam, que utilizam da religião pra dizer que são pessoas do bem, mas deixam a família de lado, logo a coisa mais importante que a bíblia em si cobra mais: A FAMÍLIA, o amor ao próximo, certas coisas que de verdade eu gostaria de entender, mas não consigo, pois há uma força maior dentro de mim, dizendo que quem faz dessa forma é completamente errado e não sabe o tipo de prejuízo que isso pode-lhe trazer... mas é aquilo: cada um na sua, cada um com uma forma de pensar, de agir e de levar a vida, fazendo como se acha melhor.

Por hora, gostaria de dizer aos que acompanham meu blog que, se você não tem ninguém ou nunca teve ninguém próximo que já enfrentou um momento difícil como enfrentar o câncer ou alguma doença degenerativa que arrasa em pouco tempo com o corpo, mente e psico da pessoa, pense em como seria se alguém da sua família mais próxima tivesse, acho que isso vai te ajudar a entender o valor que eles tem, o valor que eles terão e o valor que eles tiveram durante toda a sua vida e se hoje você tem um carro que ganhou de presente, um telefone caro, mora com seus pais e não tem esquentação de cabeça, valorize isso, aliás SUPERVALORIZE isso, pois isso acaba. Se você mora longe dos seus pais e acha que está tudo bem, pense que pra você pode estar tudo bem, mas para a sua mãe e para seu pai não está. Eles provavelmente ainda perdem o sono por você e cada vez que o telefone toca, eles ficam atordoados pensando que é você, pois você é um pedaço deles, você carrega uma magia no seu sangue que te une a eles de tal forma que eles te sentem de forma inexplicável que você nunca vai entender... as vezes acho que sou chato repetindo isso, mas é essa a diferença que falei: eu passei por isso e agora eu não quero perder um momento sequer no restante de vida que me sobrar.

Na verdade, escrevi nesta data para dizer o quanto estou triste e o quanto isso faz pensar no meu pai, pois hoje fazem 4 meses que ele faleceu depois de enfrentar o câncer. Não suficiente, hoje eu fui dispensado do local onde eu trabalhava como temporário, foi um choque, pois eu jurava que ficaria lá como funcionário, de longe a melhor empresa no quesito salário + benefícios que eu trabalhei até hoje, mas como tudo na vida um dia tem um fim, dito e feito. Nesta empresa eu passei por várias situações de sentimentos diferentes: falecimento do meu pai, nascimento do meu filho, dois sentimentos tão diferentes nos seus polos que fez com que ficasse marcado, até porque nela eu recebia todo dia 25, exatamente na data em que meu pai faleceu, ou seja, todo dia 25 que seria um momento feliz pra mim por conta de salário, eu ficava triste, pois a saudade invadia meu peito logo cedo e me fazia esquecer que eu tinha pagamento. Não sei o que me espera do lado de fora daqui, afinal foram 6 meses de muito trabalho, mas espero que eu não seja surpreendido de forma negativa...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

11 de Maio de 2014

11 de Maio de 2014, dia das mães mais do que especial...

A hora parecia não passar, até porque ela sentia aquelas dores insuportáveis, mas logo quando vimos já eram 00:20 e ela estava impaciente, então pedimos que ela se deitasse um pouco e, assim que ela deitou, sentiu uma pequena sensação e logo vimos a cama encher-se de água... sim! A bolsa estourou!

Eu, particularmente fiquei DESESPERADO, mas logo me acalmei, quando a minha sogra conseguiu uma nova consulta para minha esposa e lá foram elas... 4 de dilatação e as dores eram tamanhas que parecia que minha esposa ia morrer, Deus me livre, mas foi a segunda pior sensação que eu tive: vê-la sentir dor.

Continuamos no hospital aguardando, demorou bastante, mas em torno de umas 03 da manhã, conseguimos encaminhamento para interna-la já no leito onde ela ficaria em pré-parto. Este momento perdurou até de manhã com todos aqueles procedimentos normais que são feitos quando uma mulher está grávida e vai ter bebê: medir pressão sanguínea, exames de sangue, exames cardiotocografia, escuta do bebê, toque, enfim, tudo o que era possível e necessário para este momento. Minha sogra e eu não dormimos e eu aguardei do lado de fora, cheio de bolsas e coisas pertinentes ao momento em que estávamos enfrentando.

Consegui subir por algumas vezes, mas ficava pouco, a abraçava e dava todo o apoio possível, mas as dores eram tantas e de forma intermitente, que ela mesma nem se lembra das coisas que eu disse a ela ou fiz, o que deve ser normal num caso desses. Eu a olhava nos olhos e suas pupilas eram dilatadas, assim como uma pessoa drogada olha, com necessidade de ajuda, um pedido que vinha da alma que dizia: POR FAVOR, ME FAÇA PARAR DE SENTIR ESSA DOR! O pior de tudo é que, infelizmente eu não podia fazer nada e aquilo era normal diante da ciência: a dor do parto!

O dia passou, o sono aumentou, a fome não veio, a preocupação era tamanha... a bateria do celular acabando e eu lá em baixo, aguardando uma posição e de 1 em 1 hora eu cobrava notícias da minha sogra que estava na companhia da filha (ou vice-versa) me informar: “E aí? Quanto de dilatação?”, ela respondia rápido: “6”,”7”,”8”... e eu quase enfartando a cada notícia, até que às 17:20 do meu relógio me veio a feliz notícia: NASCEU!

Eu chorei e ri ao mesmo tempo e em 2 minutos a foto do meu filho estava no facebook, compartilhada com todos os meus amigos e familiares. Uma forma que encontrei de desabafar aqueles momento que passamos ali, as horas que ficamos acordados e toda a dor que a Naná tinha sentido antes do parto acontecer, uma forma de mostrar que a vida é uma só e há um sentido para isso tudo, alguns se vão, outros vem para amenizar a dor de quem fica e a saudade que é quase imortal!

Meu filho nasceu saudável, apesar de termos tido algumas poucas complicações na hora do parto, com 3.300 kg, 50cm e uma linda história pra contar daqui pra frente. Posso garantir que este foi o segundo maior e melhor presente que recebi na vida como ser humano: a capacidade de ter dois filhos é de fato uma dádiva que devemos dar muito, mas muito valor...

Não sei se quem acompanha reparou, mas meu filho nasceu no mesmo horário que meu pai faleceu há 3 meses... coincidência?

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

10 de Maio de 2014

Na foto: últimas compras no mercado com nosso filho ainda na barriga.

10 de Maio de 2014, uma surpresa inesperada...

Um sábado aparentemente normal para todos nós, estávamos na casa da minha sogra e à noite pedimos uma pizza. Papo vai, papo vem e minha esposa nos surpreende dizendo que estava sentindo umas cólicas estranhas, logo veio a preocupação e a ideia de que aquele momento marcaria toda a nossa vida para sempre, afinal, muito possivelmente ela estava contraindo e começando o processo de parto. Na dúvida, descemos rapidamente para que ela pudesse tomar um banho e se arrumar, pois dali iríamos diretamente ao médico. Eram 23:00 horas e enquanto ela fazia xixi, me surpreendeu com a seguinte frase: “Vida! Saiu o tampão!”. Não sei dizer qual foi o sentimento que me tomou naquele minuto, mas posso tentar distinguir como uma mistura de preocupação, alegria, vontade de gritar pra todo mundo que eu seria pai novamente, nossa, foi único.

Não esperamos mais, pois as dores estavam aumentando e ela precisa se consultar para saber mais informações sobre o que estava acontecendo, então ela simplesmente se vestiu, minha sogra desceu para nos acompanhar e fomos ao médico.

Chegamos ao Hospital Federal de Bonsucesso e logo elas foram subindo, afinal, a minha sogra é funcionária deste hospital há mais de 20 anos. Tivemos alguns problemas para acessar o hospital por conta das “normas” que só valem para as pessoas certinhas e não para as pessoas ruins, até porque eu cansei de ver até bêbados entrando pra mijar e a gente que estava numa situação delicada ali, não podia, enfim. Eu fiquei do lado de fora exatamente por contas dessas “normas” aguardando alguma notícia e logo vem minha sogra dizendo que ela estava com 1 de dilatação apenas. As dores eram tão intensas que ela virava os olhos e pedia “PELO AMOR DE DEUS, EU QUERO CESÁREA!”, mas infelizmente estávamos num hospital público e a cesárea não era uma opção, mas um recurso de última hora e em último caso, então nos restou vê-la sentir aquelas dores (que eram normais) por um bom tempo.
A médica nos mandou ir pra casa por conta da pouca dilatação, mas ela sentia tantas dores, tantas dores que, além da “pena” que dava vê-la daquele jeito, não tínhamos a confiança de voltar pra casa, pois tínhamos a certeza de que ela teria nosso filho por volta daquelas horas e não estava muito longe disso, então minha sogra deu um jeito e a levou para uma sala (onde normalmente ficam apenas pessoal autorizado) e lá haviam leitos e um lugar  ais silencioso e aconchegante para que ela aguardasse um pouco mais.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Vakinha online

Bom dia, amigos!

Hoje eu gostaria de falar um pouco sobre a minha vaquinha (#vakinha).

Não sei se repararam, mas há ao lado direito do meu blog um símbolo de uma vaquinha e ele não está ali a toa, na verdade, este símbolo significa que existe uma vaquinha online acontecendo e eu promovi essa vaquinha tanto para tentar conseguir reunir os recursos que preciso, quanto para divulgar e informar que qualquer um pode fazer a sua.

Há algum tempo, minha esposa e eu abrimos uma loja, com pouquíssimo dinheiro, acreditando que com o suor do nosso trabalho, conseguiríamos levar numa boa. Eu já tinha pendências no meu nome, então minha esposa como amiga que é, se disponibilizou para me ajudar a executar esse sonho que era ter um negócio próprio que sustentaria nossa família.

Enfim, o principal foi concretizado e nós abrimos uma loja, fizemos obras e colocamos o lugar do nosso jeitinho, tudo isso com cartões e reservas da minha esposa que, mais uma vez, disponibilizou-se para se juntar a mim e acreditar no que eu havia "vendido" de ideia para ela. Ela gastou em torno de 12.000,00 (doze mil reais) em tudo, se formos contar as contas com cartão de crédito, dinheiro à vista e outras coisas.

Como eu gosto de fazer tudo certinho, corri atrás de legalizar o ambiente, emitir CNPJ, colocar água no local, luz, tudo de forma legal pra evitar qualquer tipo de transtorno que eu pudesse vir a ter num futuro, por este motivo, a legalidade acabou nos forçando a fechar 3 meses depois...

Alguns dizem que foi precipitado, outros dizem que foi fogo, aliás, todo mundo diz tudo e o que quiser, infelizmente, menos de 1% acertou. Eu só queria dar o melhor pra minha família e proporcionar à minha esposa a vida de princesa que ela merece ter, mas infelizmente, no país em que vivemos o pobre não tem direito algum e se o cara não comer palha por um ano ele não vive de outra coisa senão do trabalho, enfim (de novo)...

Pelo gasto que ela teve e pela dedicação e amizade e tudo o que ela teve por me fazer acreditar até mesmo do que eu já tinha desistido de acreditar, fiquei com um peso nas costas e gostaria muito de poder reembolsá-la dos valores que ela gastou para realizar o meu sonho, devolvendo a quantia que ela usou comigo à ela. Infelizmente pelas vias normais não é possível, pois mesmo que eu me esforce MUITO, sou assalariado e ganho pouco para sustentar nossa casa e nosso filho e mesmo dando a ela algumas regalias simples atualmente, ainda não consegui atingir meu objetivo de devolver a boa ação dela à ela, por isso criei essa vaquinha online.

Quem puder ajudar a divulgar ou puder contribuir para engordar minha vaquinha será muito bem vindo... se você leu essa história e, por algum motivo ela se parece com alguma em sua vida, ajude-me a divulgar, por favor? Minha vaquinha se encerra no dia 31/12/2014 e a contribuição pode ser de qualquer valor maior que 5 reais, então mesmo que não possa ajudar, divulgue e já estará ajudando e muito!

Obrigado.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

28 de Abril de 2014

28 de Abril de 2014, como o tempo passa...

Impressionante como o tempo passa rápido e por mais que sintamos dor ou saudade ou os dois juntos, a cada dia fica sempre mais fácil esquecer um pouco tudo isso e levar a vida adiante. Há 3 dias completaram (JÁ) dois meses que meu pai faleceu e que enfrentamos todo aquele “temporal” de coisas ruins, agora nos resta a lembrança do homem que ele era e o esquecimento (pelo menos tentamos) do que ele passou e nós passamos juntos a ele... nos resta seguir em frente, afinal, meu filho já estava quase aqui conosco e minha família estava crescendo, com isso, a responsabilidade de fazer melhor e de poder oferecer sempre a melhor experiência pro meu filho caminhava juntamente ao meu ser como uma sombra que jamais me abandonaria.


Antes de falecer, meu correu atrás de certas coisas que durante toda a sua vida não foram preocupações, é como falei antes: a gente nunca sabe que vai morrer assim de uma hora pra outra e como meu pai era muito vivo, brincalhão e tudo o mais, acredito que ele achava que isso nunca aconteceria a ele, principalmente quando falamos de uma doença tão agressiva e do tão pouco tempo que ele teve para aproveitar a vida pós-câncer. Ele foi à caixa tentar receber o PIS, correu atrás de pagar as previdências atrasadas, tudo isso porque sabia que viria a falecer a qualquer momento e queria deixar minha mãe calçada de alguma forma... minha mãe sempre foi a melhor amiga dele, a pessoa que nunca o abandonou nessa vida, mesmo depois de tantas diferença e episódios diferentes que envolvia o amor dos dois.

Bom, a boa notícia é que essa correria toda valeu a pena, pois depois que meu pai faleceu, minha conseguiu sacar o seu PIS e pra melhorar um pouco, conseguiu da previdência um comprovante de que era sua dependente financeira, neste caso, ela teve direito a uma pensão dele, o que nos aliviou bastante, pois minha mãe vivia sempre sem nenhum valor fixo, só com o que vinha das costuras, então essa conquista foi motivo para comemoração.

Eu sempre vivi duro, principalmente porque nunca tive medo de gastar dinheiro e tudo o que vinha pra mim, eu fazia questão de dar um destino. Se eu morresse hoje, não deixaria nada e também não levaria nada comigo, nada melhor do que ficar tudo zero a zero, né? Enfim...

Como este dia foi um dia muito bom para todos nós, fiquei muito feliz, pois minha mãe nos chamou para irmos ao shopping e como eu sempre fui um duro, nem imaginava o que poderia acontecer naquele dia e senti que aquela “comemoração” tinha um algo a mais, mas minha mãe nem tocou no assunto. Chegando no shopping, nós (Dani, minha irmã, a filha dela: Maysa e minha esposa ainda grávida) comemos, compramos algumas coisinhas e passeamos, quando minha mãe nos surpreendeu com a notícia que tinha recebido a primeira pensão do meu pai e queria dividir conosco. Ela colocou a mão em sua bolsa e tirou um pouquinho pra cada um, era pouco mesmo, mas aquele dinheiro não vinha em forma de dinheiro, na verdade vinha como um agradecimento e mais uma homenagem ao meu pai que, com certeza, faria aquilo pra gente, mesmo ficando duro depois...

Agora pensa: como não amar uma mãe que com certeza deixou de pagar alguma coisa, só pra ter o prazer de dividir aquela conquista com todos nós? De fato foi para emocionar a mim... recebi a quantia muito feliz, com aquele dinheiro eu pagaria meu condomínio atrasado, nossa!! Foi de grande ajuda.

Terminamos o passeio e fomos para casa, fiquei muito satisfeito neste dia e se eu posso deixar algum ensinamento aqui é: respeite sua família e a ame mais que tudo, pois se não fosse o amor que temos um pelo outro e o respeito que sempre tivemos com a nossa mãe, isso não estaria acontecendo. Na verdade, isso tudo não foi só a entrega de um pacote, foi a reunião da família para dividir a conquista. Muito importante essa lição que eu quero deixar para os meus filhos, para que tenham a educação e importância com a vida dos outros, assim como eu sempre tive e fui criado.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

28 de Fevereiro de 2014

28 de Fevereiro de 2014, a vida continua...

Pra quem não sabe como é um velório e graças a Deus não precisou enterrar ou cremar ninguém até hoje, na verdade quando é feito por uma assistência funerária, você quase que não precisa fazer nada. O corpo fica dentro de um caixão todo arrumadinho com flores coberto até o pescoço, só aparecendo o rosto meio descolorido e maquiado, onde as pessoas entram pra prestar sua última homenagem. No caso do Caju, na capela onde velamos meu pai, chega um certo momento que os funcionários do cemitério e informam com 10 minutos de antecedência que chegou a hora de ir
embora, então a gente se “despede” daquela matéria que está ali e acompanhamos o caixão até uma outra sala onde é feita a cremação. Nesta sala, nós o velamos mais um pouco, mas ele fica em cima de uma esteira que, quando acabamos de velar por uns 20 minutos, é recolhida e o leva para uma outra sala, esta que não temos acesso. A cremação acontece em torno de 3 horas depois do processo de velório.


A cremação funciona assim: o corpo segue para esta sala da qual não temos acesso e fica em uma fila de espera, pois há outros corpos a serem cremados também. Ele entra no “forno” com caixão e tudo o que estiver dentro do caixão e é literalmente torrado à uma temperatura maior que 1000°C, o que o faz virar pó. Os ossos não são torrados, então ficam inteiros, neste momento eles jogam a poeira fora e trituram os ossos e este se torno o pó das cinzas... pois é. Na verdade a cremação elimina o que não é firme, deixando os ossos que são triturados. A poeira dos ossos é o que recebemos numa caixinha muito agradável, paga pela assistência funerária e tem o destino que a família escolher, no nosso caso, escolhemos jogar estas “cinzas” em um mar, já que meu pai não tinha escolhido algum lugar em vida.

Um dia depois do velório e tudo é um pouco mais brando, já não há mais ninguém sofrendo de dor, já não há mais corpo com câncer em estado terminal aguardando sua hora chegar numa cama de hospital, tudo se acabou, inclusive a redenção que estávamos quanto a ele naquele momento.

Não sei vocês, mas esta situação, em contrapartida, me deixou um pouco mais forte e sinto que a cada dia eu fico cada vez mais forte, apesar de chorar e sentir saudades dele diariamente. Penso que, pelo menos, ele deixou de sofrer, de sentir dor, incômodos, enfim, deixou de ser um corpo com câncer e se tornou uma memória, das melhores, que hoje eu posso lembrar com carinho...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

27 de Fevereiro de 2014

27 de Fevereiro de 2014, o velório e a cremação...

Falar sobre o velório em si e sobre as fitinhas amarelas...

Hoje ocorrerá o velório do meu pai e na sequencia ocorrerá a cremação dele... nos reunimos para o velório na capela do cemitério do Caju. Toda a família foi, mas como não era uma comemoração, não gostaria de entrar em tantos detalhes, até porque isso ainda me machuca um pouco, mas posso dizer que, apesar de triste, foi uma cerimônia linda e estavam presentes pessoas que meu pai amava muito e que ele tinha grande respeito. Pessoas que eu nunca imaginei que iriam, foram e nós fizemos orações, falamos palavras bonitas e vimos meu pai (que já estava completamente diferente e quase irreconhecível) pela última vez. 

No dia em que meu pai faleceu, há dois dias, todos os meus amigos e familiares mais próximos, trocaram sua foto principal do perfil do Facebook por uma foto completamente amarela em homenagem ao meu pai e hoje, aqui no velório, trouxemos fitas amarelas para colocarmos nos braços de cada um que viesse prestigiar sua memória neste momento.

Foi de fato muito lindo, uma linda homenagem, mas tão triste que eu não consigo descrever e que até hoje me machuca e me perturba tão profundamente que mal consigo falar sem que meus olhos fiquem marejados...

Desde que meu pai ficou doente, eu tenho me martirizado e curtido minha tristeza com uma música de tradução muito bonita, do cantor Justin Timberlake, da qual apresento a vocês aqui um pouco mais abaixo. Esta música até hoje me dá tristeza, pois ela fala algo sobre alguém ser seu espelho olhando direto pra você e em certos momentos da música, nos refrãos, ele diz: “Eu não quero perder você agora...” e era nisso que eu pensava quando eu escutava, mas infelizmente, meu pai se foi... então... acho que vou dar um tempo nessa música, pra evitar lembrar o tanto que eu pedi que ele não me deixasse. Essa música, na verdade, é cantada para uma mulher, uma namorada ou esposa, mas eu ouvia pensando no meu pai, por isso exponho-a pra vocês. Essa saudade só não me mata, pois na minha fraqueza encontrei a força para enfrentar essa dor de perda.

Hoje se encerra um ciclo natural da vida com uma pessoa que eu amo muito e sempre vou amar: MEU PAI! Pai, eu dedico essa música a você, pois você sempre foi meu espelho para as guerras que a vida me trouxe. Te amo!

 "Você não é algo para admirar?
Porque o seu brilho é algo como um espelho
E eu não posso evitar reparar
Você reflete neste meu coração
Se você um dia se sentir sozinha e
A luz intensa tornar difícil encontrar
Saiba apenas que eu estou sempre
Do outro lado, paralelamente

Porque com a sua mão na minha mão
E um bolso cheio de alma
Posso dizer, não há lugar aonde não podemos ir
Ponha apenas a sua mão no vidro
Estarei aqui tentando puxar você
Você só tem de ser forte

Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você guarda
Mostre-me como lutar pelo momento de agora
E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo
É como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Eu não poderia ficar maior
Com mais ninguém ao meu lado
E agora está claro como esta promessa
Que estamos fazendo
Dois reflexos em um
Porque é como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Olhando de volta para mim

Você é especial, uma original
Porque não parece assim tão simples
E eu não posso evitar olhar, porque
Vejo a verdade em algum lugar nos seus olhos
Nunca poderei mudar sem você
Você me reflete, amo isso em você
E, se eu pudesse, eu
Olharia para nós o tempo todo

Porque com a sua mão na minha mão
E um bolso cheio de alma
Posso dizer, não há lugar aonde não podemos ir
Ponha apenas a sua mão no vidro
Estarei aqui tentando puxar você
Você só tem de ser forte

Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você guarda
Mostre-me como lutar pelo momento de agora
E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo
É como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Eu não poderia ficar maior
Com mais ninguém ao meu lado
E agora está claro como esta promessa
Que estamos fazendo
Dois reflexos em um
Porque é como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Olhando de volta para mim

Ontem é história
E amanhã é um mistério
Posso ver você olhando de volta para mim
Mantenha seus olhos em mim
Mantenha seus olhos em mim

Porque eu não quero perder você agora
Estou olhando bem para a minha outra metade
O vazio que se instalou em meu coração
É um espaço que agora você guarda
Mostre-me como lutar pelo momento de agora
E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo
É como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Eu não poderia ficar maior
Com mais ninguém ao meu lado
E agora está claro como esta promessa
Que estamos fazendo
Dois reflexos em um
Porque é como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Olhando de volta para mim

Você é o amor da minha vida!

Baby, você é a inspiração para esta preciosa canção
E só quero ver o seu rosto se iluminar quando me desperta
Então agora digo adeus ao velho eu, ele já foi embora
E não posso esperar, esperar para levar você para casa
Só para lhe contar, você é

Você é o amor da minha vida."

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

26 de Fevereiro de 2014

26 de Fevereiro de 2014, burocracia até depois da morte...

Hoje me levanto da cama com os olhos inchados por chorar quase a noite inteira de tanta saudade do meu pai e caminho em direção ao banheiro, são 09:15 da manhã e eu me sinto um pouco só, mesmo que eu tenha muita gente ao meu redor. 

Meu nome é Rodrigo Gambini e neste exato momento estou me olhando no espelho... eu me pergunto por que a vida nos surpreende tanto? Estou meio abalado com alguns fatos recentes na minha vida, me sentindo pequeno e insuficiente, além de ‘culpado’, pois qualquer momento que deixei passar, qualquer coisa que não pude fazer, se tornam argumentos fortes de pura culpa em uma ocasião em que a vítima é alguém da minha família. O fato é: devo rever alguns conceitos, repensar atitudes e fazer uma retrospectiva muito intensa, filtrar, peneirar e afofar toda a informação que se passa na minha cabeça agora, só para depois poder processá-la. É muito triste e complicado... estou chorando neste momento, mas acredito que consigo se me esforçar e me permitir pensar que o fim é para quem o aceita... não para quem o recebe.

Neste dia, nós nos focamos em arrumar e acertar detalhes do velório que será amanhã, dia 27/02/2014, pois meu pai será cremado e há diversas burocracias a serem resolvidas junto à funerária, um processo doloroso, triste e muito burocrático onde todos os filhos precisam autorizar a cremação e lavrá-la em cartório.

Gostaria de salientar e voltar a atenção para a funerário RIO PAX que cuidou de tudo, TUDO, nos dando muita segurança e nos mostrando a importância que é ter-se uma seguradora deste seguimento, na hora em que mais precisamos... 

Dia corrido hoje, muito corrido. Ainda bem que tive o apoio e companhia da minha amiga e esposa Naiara, ela sempre esteve comigo nos momentos mais difíceis da minha vida e por isso que eu tenho orgulho de tê-la comigo sempre, uma pessoa assim não se acha fácil por aí, por isso eu cuido com muito amor e carinho.

Depois de resolver as burocracias normais, seguimos para casa e descansamos, afinal o dia seguinte seria bem mais tenso do que este que estava prestes a acabar...

terça-feira, 30 de setembro de 2014

25 de Fevereiro de 2014

25 de Fevereiro de 2014, o fim do sofrimento...

Hoje eu acordei com uma sensação esquisita, na verdade, eu sempre acordo com uma sensação esquisita depois que meu pai foi internado, já se tornou meio que normal, mas tudo bem. Hoje, além de tudo, minha filha Maria Luísa voltaria dos Estados Unidos em uma viagem que ela foi para diversão com a mãe e com o namorado na mãe. Eu estava ansioso pela volta dela, com muitas saudades, pois fazia quase um mês que não à vida, mas estava tão preso ao meu pai, ao ponto de não conseguir na maior parte do dia, desvincular meu pensamento dele.

Minha mãe me ligou perguntando se eu podia ficar com meu pai hoje, ele continuava não respondendo, mas não poderíamos abandoná-lo sozinho no hospital, então nos revezávamos como acompanhantes dele, cada um ficava um pouquinho e tudo bem. Eu trabalharia no dia 26 (amanhã), estava querendo ficar com meu pai, mas com medo, medo este de acontecer alguma coisa com ele enquanto eu estivesse lá.

O dia passou, como os outros e, quando foi mais ou menos umas 18 horas, minha mãe me ligou dizendo que era para eu não ir, pois ele estava muito mal, se contorcendo e que a imagem que eu veria seria muito dolorosa, para eu ficar em casa, entretanto, o que eu não sabia é que ela estava me escondendo uma informação que mudaria minha vida...

Me senti mal e fui dormir um pouco, estava com sentimento de febre e dor de cabeça, mas em torno de 20 horas eu escuto a seguinte frase ainda dormindo: “Vida! (nome que minha esposa me chama normalmente) Vida... acorda... seu pai foi encontrar com papai do céu...”. Eu não tive outra alternativa, senão me entregar à tristeza que, naquele momento, tomava conta do meu corpo e mente, então eu chorei, chorei, chorei... por horas, que na verdade eram minutos e que parecia, de fato, anos. Eu nem preciso dizer que a dor é insuportável, que parece que a vida não interessa mais e que TUDO a partir daquele momento havia morrido junto com ele, inclusive eu!

Também não preciso dizer que eu fiquei em choque, que eu esqueci de tudo e de todos, que eu me senti uma merda por não ter feito mais, por não ter podido ajudar minha mãe e meu pai naquele momento, me senti inútil, me senti infeliz, me senti morto.

Meu pai faleceu às 17:18 do dia 25 de fevereiro de 2014, refém de um adenocarcinoma do pâncreas com metástase que evolui para o fígado e para outros órgãos. Sr. Eduardo César Gambini viveu 36 dias desde a descoberta do câncer e não desistiu... em dado momento ele aceitou a doença, pois sabia que nada poderíamos fazer contra ela. Meu pai tinha muitos defeitos, mas era o melhor pai do mundo e agora que ele se foi, fica seu ensinamento de que devemos viver felizes e que nem tudo está perdido, pois uma vida se vai, outra se inicia e precisamos nos focar nos próximos eventos. Ele nunca reclamou um dia sequer da doença e dos males que ela trouxe, nunca tratou uma pessoa mal, como pode acontecer com o desenvolvimento da doença e tentou até o último segundo. Acredito, inclusive, que ele se forçou a não falecer no meu aniversário, mesmo sem resposta nenhuma, acho que ele não quer me dar esse “presente”... meu pai morreu em silêncio, não sei se satisfeito, mas calmo e tranquilo, ele morreu dormindo e mesmo que não tenha sido assim, infelizmente preciso pensar assim, para que meu coração possa suportar essa dor infernal e desgraçada que estou sentindo nesse momento.

Eu queria, por um momento, um momento apenas, ter ele aqui e poder dizer pra ele que nada do que ele me ensinou eu esqueci e se hoje eu sou um HOMEM respeitador, um homem educado e que sabe cuidar de sua família, isso se deve à educação que ele, juntamente à minha mãe, me deu. Pai, onde quer que esteja, esteja com Deus e na companhia dele, espero de verdade que tenha muita luz no lugar onde você vai, pois uma pessoa com o coração bom igual ao seu, merece o melhor. Eu te amo tanto, mas tanto, tanto, tanto que chega a doer o amor, como uma ferida que foi aberta...

Hoje eu estou de luto... por você, pra você, pai! Hoje se foi o homem da minha vida, meu pai, meu amigo... me desculpem... que dor... nossa!!!! Que dor!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

24 de Fevereiro de 2014

24 de Fevereiro de 2014, última brincadeira...

Cada dia tem sido muito melancólico pra mim, um tanto quanto dramático, mas um dramático com motivo, eu queria carinho, queria atenção, pois meu pai estava morrendo numa cama de hospital com câncer terminal e já não respondia a nada do que falávamos ou fazíamos... eu tinha a certeza que não conseguiria mais me despedir dele ou dar-lhe um último abraço com resposta, com a consciência dele ainda viva e respondendo, então tudo pra mim era motivo de choro.

Neste mesmo dia a Maysa, minha sobrinha, postou uma foto que já postei aqui no blog do meu pai deitado numa cama, irreconhecível, com oxigênio e sem respostas corporais no Facebook e eu não gostei muito pois tudo estava muito novo e aquela imagem acabava comigo. Eu tinha aquela foto, mas guardada em um lugar que eu não conseguia ter acesso rápido e não era em qualquer momento que eu a veria. Conversei com ela e pedi que ela tirasse a foto de lá e ela o fez, para a minha satisfação, afinal, aquilo estava terminando de acabar com o meu dia.

Mais à noite eu estava muito apreensivo, então aproveitei uma deixa da minha esposa, abracei-a e chorei, chorei, chorei... chorei até que eu não aguentasse mais, lamentando pela vida do meu pai que se extinguia de uma forma tão bruta e cruel tal qual oferece uma doença avassaladora e desgraçada como esta que pega uma pessoa de bem e extermina ela em semanas... e era o que estava acontecendo com meu pai!

Hoje não estou muito bem pra escrever, mas vou dividir com vocês um pequeno vídeo que fizemos do meu pai um pouco antes dele ir para o hospital e as coisas piorarem de vez... neste vídeo, ele já sem muitas forças, se anima com uma gravação e com um efeito de vídeo que eu tinha em um celular meu... nos alegramos neste dia, foi mágico, mas infelizmente, foi o último dia que vi meu pai brincar...



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

23 de Fevereiro de 2014

23 de Fevereiro de 2014, um domingo quase nulo...

Mais um dia de espera, infelizmente eu não tenho novidades para contar neste dia. Meu pai continua nas mesmas condições, sem movimentos, sem abrir os olhos, deitado numa cama com respiradores e morfina na veia. Sua urina era preta como coca-cola e suas fezes, nas últimas vezes que vi, eram brancas, brancas mesmo. Sua coloração de pele ainda era meio amarelada, mas não estava tão “verde” quanto há uma semana.

A única diferença era que ele se movia de uma forma agoniante para quem o via ali, naquela situação, como se algo o estivesse incomodando. Ele tossia, fazia vômito, mas como falei não estava entubado. A sensação que eu tinha era que ele queria dizer algo, já que o médico disse que ele estava consciente e na verdade estava apenas num estágio de repouso muito intenso, por conta da quantidade de morfina que estava penetrando seu corpo.

Fiquei com ele até onde meus olhos aguentaram... eu tinha “medo” de tocá-lo e que isso pudesse atrapalhar ou estressá-lo, pois da última vez que o toquei, seus batimentos cardíacos aceleraram, não sei se foi por coincidência ou se ele me sentiu e em meio aquela prisão física dentro do próprio corpo, ele quisesse me dizer algo e não conseguia. Me aproximei dele e disse sussurrando ao seu ouvido uma frase que eu sempre dizia: “Pai, eu te amo tanto, mas tanto! Se você quiser ir embora, pode ir, vá em paz que eu vou cuidar da minha mãe e da Maysa...”. Naquele momento eu falei dois nomes pelo qual meu pai sempre se preocupava um pouco mais, para ver se ele estava “se prendendo e lutando pela vida” ou se infelizmente suas forças estavam somente se acabando lentamente, fica uma dúvida, que só quem fez a passagem vai poder responder.

Encontrei com o médico do lado de fora e o médico me parou, perguntando o que eu era daquele homem que ali estava e eu respondi com orgulho: “Filho!”. Ele perguntou se eu sabia da situação e me disse palavras de conforto, mas em meio essas palavras, me disse palavras fortes que, mesmo que ditas de forma branda, rasgaram meus tímpanos e me enviaram diretamente para um lugar obscuro, onde eu não enxergava nada e não conseguia conter minhas pernas: “Eu peço desculpas por ter que falar isso, mas pelo quadro, seu pai não sai mais dessa situação. Vocês precisam ser fortes, muito fortes e reunir a família!”, então eu muito (muito mesmo) triste, perguntei a ele: “Quanto tempo você acha que ele tem?”, ele me disse com os olhos marejados: “Acho que ele não passa de hoje!”... não preciso dizer o que aconteceu comigo e com o meu corpo neste momento, se fecharem os olhos entenderão o que eu senti, não na certeza da situação, mas ter uma leve ideia do que eu estava sentindo. Então eu voltei à CTI onde meu pai estava e o abracei, da forma que eu podia, meio torto, mas cheio de boas intenções e energias positivas para ele... chorei... chorei muito!!

Eu sempre tentei ser um filho bom, prestativo e amigo dos meus pais, sempre, mas nos últimos momento, as únicas coisas que eu conseguia lembrar eram as vezes que eu disse não para ele quando ele me pedia pra ir na rua, as vezes que brigamos e que eu fui injusto com ele, as vezes em que eu ligava pra minha mãe e acabava não falando com ele e em como eu queria MUITO que o tempo pudesse voltar para eu fazer tudo aquilo muito diferente e poder me doar mais ao meu pai que sempre foi tão meu amigo... hoje ele está aqui e eu nem posso me despedir, só posso esperar, pois a qualquer momento ele vai se encontrar com Deus e fazer a alegria do céu para todos os anjos...

Eu volto a repetir: nós somos seres humanos e vamos errar sim, mas se hoje você tem uma oportunidade de fazer diferente, faça! Não espere que isso aconteça com você, na sua família, para que você comece a se importar com o quanto de carinho você deu ou deixou de dar para os seus pais, para a sua família... corra! Ainda dá tempo!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

22 de Fevereiro de 2014

22 de Fevereiro de 2014, o primeiro de muitos sábados...

Acordamos e o sábado não era mais o mesmo que seria há algum tempo... não tínhamos o meu pai ali, presente, nem acordado no hospital e o pior é que nem podíamos ficar com ele direto, pois não permitido até por que ele estava no CTI e sabem como é, né?

Então nós respiramos fundo e fomos para a casa da minha irmã e, chegando lá, conversamos com minha mãe sobre o meu pai que estava nas mesmas condições e que, segundo os médicos não voltaria mais. Na verdade, como eu havia dito antes, ele estava completamente consciente, mas “dormindo”, não era exatamente um coma, mas parecia muito ser um, até mesmo para quem não tinha visto ninguém em coma em toda sua vida. Minha mãe nos disse que ele estava com os olhos abertos e “respondia” (ou parecia responder) a alguns espasmos, como mexer um pouco os braços (levemente), a cabeça ou respirar ofegante como se quisesse falar alguma coisa. Segundo o médico de plantão ele estava consciente completamente, mas sua força já não era suficiente para que ele pudesse responder normalmente ou mesmo com um pouco de dificuldade. Nestes casos, o paciente é colocado em uma posição mais confortável, com respirador (não é entubado, apenas uma máscara de oxigênio), e sob o efeito de alguns “ml” de morfina na veia. Este na verdade é o conforto proporcionado por ‘qualquer’ hospital num caso destes a um paciente nestas condições para amenizar qualquer dor ou sofrimento e para aguardar que o momento fatídico ocorra...

Minha mãe disse também que mudaram o medidor de pressão de braço, pois o braço que estava, já estava muito inchado e castigado pela doença. Notou também que enfaixaram um de seus pés, pois estava muito inchado também, segundo eles, por conta do entupimento que ele tinha nos vasos da perna, inclusive, todas as operações que ele tinha feito de desentupimento de vasos foram neste mesmo hospital (Servidores do Estado).

Nós só tínhamos uma opção neste momento: aguardar. Então fazíamos de tudo para que nossos dias fossem um pouco menos tensos e íamos nos acostumando que a qualquer momento poderíamos receber a notícia que, enfim, estávamos aguardando, já que nada mais era possível naquela situação. Ainda assim conseguíamos nos divertir e trazer pra nossa família o que meu pai sempre prezou que foi a felicidade independente do motivo, afinal, somos ferramenta crucial para nossa própria motivação e isso ele sempre nos ensinou com muita sabedoria.

A foto apresenta a faixada do Hospital dos servidores, entrada esta que eu jamais vou esquecer em toda a minha vida...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

21 de Fevereiro de 2014

21 de Fevereiro de 2014, meu aniversário...

Não sei por que, mas eu achei – e tinha quase certeza disso – que meu pai viria a falecer neste dia e que esta data, mais do que nunca, ficaria guardada de forma um tanto quanto negativa na minha cabeça pelo resto da minha vida. Claro que eu venceria isso um dia e aprenderia a viver com a ideia de que meu pai tenha falecido no dia do meu aniversário, por este motivo, escrevi um texto de minha criação que segue abaixo, a fim de amenizar um pouco aquele sentimento de perda, reunindo todo (ou uma parte dele) o aprendizado, graças a ele e aos seus ensinamentos hoje eu dou valor a certas coisas que não dava quando era mais novo. Espero que gostem: 

O que eu aprendi em 30 anos? Nossa...
Aprendi que devemos amar muito, mais do que o normal, amar até cansar, se é que cansa.
Aprendi a perdoar sim, sempre.
Aprendi que devo ir na rua sempre que meus pais me pedirem, sem reclamar.
Aprendi a respeitar mais.
Aprendi que o sorriso deve ser integral e de graça.
Aprendi a abraçar muito, sem limites, toda hora a todo o tempo.
Aprendi que nossa família é a coisa mais importante do mundo
e que devemos nos apegar à ela hoje, nunca ontem ou amanhã, mas HOJE.
Aprendi que a vida é boa, a gente é quem decide se vai estragá-la ou não.
Aprendi que sonhos não servem mesas fartas com aventais coloridos,
Que papai noel existe e coelhinho da pascoa também, depende apenas da gente acreditar neles ou não...
Aprendi que precisamos dar amor, dar carinho e respeitar cada dia como se fosse o último às pessoas que amamos.
Aprendi a perder... a ganhar e que nem sempre quando perdemos, perdemos mesmo e que sempre quando ganhamos, podemos perder algo.
Aprendi a dizer não algumas vezes,
Aprendi a cortar meu próprio cabelo e que se eu escovar os dentes com muita força pode machucar minha gengiva.
Aprendi que cortar o dedo dói, cair machuca e o choque é a dor mais estranha que o corpo pode sentir.
Aprendi que sexo é bom, mas amor é muito mais!
Aprendi sobre o corpo... que ele é uma caixinha de surpresas, é frágil e que não somos nada, além de vulneráveis criaturas...
Aprendi que chorar faz bem e emagrece, mas nos leva a lugares muito perigosos se acessados por muito tempo.
Aprendi que se eu comer e guardar, eu como duas vezes.
Aprendi que devo sempre desejar uma "boa noite, dorme com Deus e que Deus te proteja muito" para os meus pais e para meus amores, 
aprendi que eles fazem falta, muita falta mesmo...

Se eu tenho uma dica pra deixar aqui, hoje, essa dica é: seja amoroso... e não espere o mesmo amor em troca. Abrace, mas não espere ser abraçado, beije, mas beije muito e aperte as bochechas de quem você ama, aperte-a. Sinta... feche os olhos, toque o rosto, chore... sorria, festeje, acampe uma vez por ano e viaje, mas leve quem você ama com você. Seja lindo para os outros e muito mais lindo para si mesmo.

Agradeço a Deus por ter me dado os pais que tenho... por ter me escolhido a dedo para ser filho deles. Agradeço aos meus pais por terem me ensinado o que eu sei e por me fazer entender o quanto é importante pra mim a figura deles e o que representa o amor...

Neste aniversário, eu homenageio o meu pai, Eduardo Cesar Gambini, que está me fazendo muita falta neste dia tão especial. Fiquei feliz de poder passar o último aniversário na sua companhia, pai e orgulhoso de ser filho de alguém como você. Estar na sua companhia é e sempre foi maravilhoso, uma pena você não estar acordado para ver o quanto eu te amo e o quanto eu gosto de estar perto de você.
Te amo, pai... sei que não vai ler esta mensagem, mas sei também que sentirá daí do hospital toda a energia que este texto carrega consigo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

19 e 20 de Fevereiro de 2014

19 de Fevereiro de 2014, última oportunidade...

Falar sobre muita gente ter falado com meu pai ao telefone à noite e sobre a convulsão, mas citar que eu não sabia e só comentar mesmo no dia 20/02, quando eu soube...

Ontem à noite todos resolveram ligar para o meu pai no hospital, tanto que quando eu liguei, ele já não aguentava mais falar, foi quando minha mãe me disse que várias pessoas tinham ligado pra ele e que ele tinha falado com todo mundo, coitado.
Quando eu liguei pra ele, perguntei as pessoas que ligaram durante o dia e ele não lembrou o nome de todos, infelizmente e aparentava estar um pouco pior do que nas últimas vezes. Seu braço direito e perna direita já não respondiam mais e ele reclamava muito de dor na cabeça, estávamos apreensivos que aquilo na cabeça dele pudesse ser algum outro nódulo relacionado à metástase do câncer de pâncreas que já estava evoluindo há algum tempo, mas segundo os médicos, aqui era nada mais que uma ferida por permanência na mesma posição deitado. Ele já não conseguia levantar sem ajuda de alguém e já estava mais desorientado do que nunca.

Para quem via meu pai em pé no hospital zoando o “plantão”, ver aquela cena era bem triste, em pensar que ele era a pessoa que animava as pessoas naquele hospital, exatamente porque sempre estava lá por conta das consultas e cirurgias que só na perna, foram duas, enfim.
Falar com o meu pai sempre era animador e eu sempre tentava manter um comportamento feliz, mas estava cada vez mais difícil, nossa, que aperto no meu coração...

20 de Fevereiro de 2014, qualquer hora vou ter um infarto...

O celular toca... meu coração gela... minha mãe ao telefone e a notícia não muito boa... “Bom dia, meu filho!” – minha mãe chora – ao fundo um silêncio mortal e, de repente, no ônibus, tudo ficou cinza... “Ontem à noite seu pai passou mal, teve uma convulsão e agora está em coma no CTI!” (na verdade não era coma, ele estava consciente, mas só depois fomos saber que fazia parte da inquietação terminal perder os sentidos, mas ficar ligado ao mundo ainda com consciência, só que sem conseguir responder) – meu mundo caiu completamente... “Mas como assim, mãe? Eu falei com ele ontem e, por mais cansado que ele tivesse e com a voz fraca, me reconheceu, falou comigo e com a Naná, enfim... Meu Deus!! E agora??” – minha mãe respirou fundo – “Agora é aguardar, meu filho!” – suspirei, respirei fundo – “Mãe, fica aí e me aguarda que eu tô indo para aí!”, então neste momento eu fiquei sem chão, completamente atordoado, mas mesmo assim não perdi o foco, continuei dentro do ônibus, desci no meu ponto normalmente, fui em direção ao meu trabalho, subi o prédio e aguardei pacientemente minha chefe chegar, falei com ela e ela na mesma hora me liberou. Neste momento eu disparei e fui ao encontro da minha mãe lá no hospital. Estava tão desnorteado que fui a pé até o hospital. Não demorei mais de 10 minutos para chegar e quando cheguei lá, abracei-a tão forte como nunca tinha abraçado. 

Foi o abraço mais sincero e acolhedor que eu pude oferecer à minha mãe, diante de toda aquela situação, era a que mais estava vivendo tudo aquilo e a que mais estava sofrendo, com certeza. “Mãe, você fez tudo o que pôde, tudo! Quero que você saiba que não está sozinha, pois eu sempre estarei com você em qualquer situação. Precisamos ser fortes, muito fortes. É muito triste nós estamos sofrendo muito, mãe, mas precisamos ser muito, mas muito fortes nessa hora!”. Logo avistei a médica e pedi para conversar com meu pai alguns minutos e, para a minha surpresa, ela deixou. Quando entrei me deparei com a cena mais triste que eu pude ver em 30 anos. A cena mais enfraquecedora, mais avassaladora, mais assustadora que eu pude me deparar em toda a minha vida e que com certeza ficaria marcada para sempre, então, se você tiver estômago fraco, evite olhar para esta foto muito tempo.

Você deve se perguntar agora: “porque ele tirou esta foto?” e eu vou te responder: Não sei! Eu simplesmente tirei a foto, pois achei que um dia pudesse contar a todos sobre este dia e então servir de apoio para alguém e mostrar que o sucesso existe, mas que o fracasso também existe, é possível e real, mas vale lembrar e salientar com toda a certeza que a idade e a vontade de vencer precisam ser mais fortes que a própria realidade e a força familiar precisa estar em dia, mas MUITO em dia, então, se você tem alguém na família nesta situação, LIGUE AGORA PARA ELE(A) E DEMONSTRA SEU AMOR E DIGA QUE ESTÁ COM ELA NESSE MOMENTO... sua voz, sua preocupação, sua ingenuidade, TUDO é muito importante agora, principalmente se você é diretamente ligado, como filho ou marido/esposa.

Peço desculpas aos amigos por postar essa foto, sei que dói, dói muito em mim que sou filho também, mas meu intuito é apenas mostrar a diferença do meu pai em pé, feliz, alegre com ele deitado, sem resposta, sem perspectiva... neste exato momento, uma lágrima desce do meu olho... estou no trabalho e não sei como fingir que está tudo bem. Acho que terei 80 anos e lembrarei desse homem com tanto amor, mas tanto amor e tanta saudade que será impossível conter as lágrimas e a vontade que eu tenho de abraça-lo só mais uma vez... PAI, HOJE EU QUERIA TODOS OS SEUS DEFEITOS DE VOLTA, AQUI COMIGO, AGORA!!